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Os leigos são Igreja

1. O Papa Francisco concedeu no último sábado, 18 de fevereiro, uma audiência aos participantes na Conferência Internacional dos Presidentes e Referentes das Comissões Episcopais para os Leigos, que naquele dia terminou, com o tema «Pastores e fiéis leigos chamados a caminhar juntos».

Referindo-se à necessidade de «valorizar os leigos», o Santo Padre recordou a «eclesiologia integral» dos primeiros séculos e disse que isso “não depende de alguma novidade teológica, nem mesmo de requisitos funcionais para o número decrescente de sacerdotes”, não depende de “reivindicações de categoria”, mas baseia-se na visão “correta da Igreja”: “a Igreja como Povo de Deus, da qual os leigos são parte integrante juntamente com os ministros ordenados. Portanto, os ministros ordenados não são os senhores, são os servos: os pastores, não os senhores”.

2. «É tempo, disse o Papa Francisco, de pastores e leigos caminharem juntos, em todas as áreas da vida da Igreja, em todas as partes do mundo!

Os fiéis leigos não são «convidados» na Igreja, estão em casa, por isso são chamados a cuidar da sua própria casa.

Os leigos, e especialmente as mulheres, devem ser mais valorizados nas suas capacidades e nos seus dons humanos e espirituais para a vida das paróquias e dioceses”.

«Os leigos são chamados a viver a sua missão principalmente nas realidades seculares em que estão imersos todos os dias, mas isto não exclui o facto de também terem as aptidões, carismas e competências para contribuir para a vida da Igreja: na animação litúrgica, na catequese e na formação, nas estruturas de governo, na administração dos bens, no planeamento e implementação de programas pastorais».

 

3. O Papa reconheceu a necessidade da “formação dos leigos”, uma condição “indispensável para viver a corresponsabilidade”, mas indicou que a formação deve ser “orientada para a missão” e apresentada “não apenas para a teoria”, caso contrário cai-se na construção ideológica, uma “praga na Igreja”.

A ideologia na Igreja é uma praga. Para evitar isto, a formação tem de ser orientada para a missão. Não deve ser escolástica, limitada a ideias teóricas, mas também prática”, disse.

A missão, afirmou também, é hoje construída com o testemunho do leigo. E enunciou diferentes campos onde isso pode acontecer: “Testemunho da própria experiência, da própria história, testemunho de oração, testemunho de serviço aos necessitados, testemunho de proximidade aos pobres, de proximidade aos solitários, testemunho de acolhimento, especialmente por parte das famílias. E é assim que nos formamos para a missão: indo ao encontro dos outros. É uma formação «no campo», e ao mesmo tempo uma forma eficaz de crescimento espiritual”.

4. "Sonho uma Igreja missionária, afirmou. E vem-me à mente uma figura do Apocalipse, quando Jesus diz: 'Estou à porta e bato'. É verdade, era para entrar: 'Se alguém me abrir, entrarei e comerei com ele'. Mas hoje o drama da Igreja é que Jesus continua a bater à porta, mas a partir de dentro, para que o deixem sair! Muitas vezes a Igreja acaba prisioneira que não deixa o Senhor sair, tem-no como propriedade, e o Senhor veio para a missão e quer-nos missionários."

5. Entre nós é mais que urgente despertar muitos cristãos para o que é realmente ser leigo e agir em conformidade.

Há um grande défice de formação religiosa em muitos dos batizados. Houve responsáveis que, erradamente, agiram como se a formação dos leigos mais crescidos fosse tarefa exclusiva da Faculdade de Teologia o que teve como resultado descurar a formação de cristãos adultos.

Se um dos frutos da Jornada Mundial da Juventude for um grande abanão na consciência de muitos leigos adormecidos será um enorme bem para a Igreja em Portugal.


Autor: Silva Araújo

Silva Araújo

Silva Araújo

23 fevereiro 2023