- Será que o mundo conhece o padre?
Será que nós, cristãos, conhecemos os padres?
2. Mais habituados a apontar-lhes o dedo do que a estender-lhes a mão, pronunciamo-nos fartamente sobre os seus actos.
Mas que atenção procuramos prestar à sua identidade?
3. As notícias sobre padres são muitas. Já as apreciações sobre o que é ser padre raramente se mostram justas.
Para sabermos o que é ser padre, temos de nos fixar, antes de mais — e acima de tudo —, em Cristo.
4. É no mundo que o padre tem de estar, mas não é como o mundo que o padre tem de ser.
No mundo, o padre é chamado a ser (como) Cristo.
5. Isto significa que, no mundo, o padre não existe para ser igual, mas para ser diferente.
Acontece que, em relação ao padre, tudo tende a ser escrutinado a jusante; nada (ou muito pouco) é visto a montante.
6. No padre, costumamos destacar (quase exclusivamente) a função.
No limite, tomamo-lo como um «funcionário» a quem ordenamos que faça o que lhe exigimos e a quem mal damos oportunidade para fazer o que deve.
7. E é assim que aquele que está chamado a ser um promotor de encontros passa grande parte do tempo a gerir desencontros.
Quem olha para a
unção (e não apenas para a
função) do padre?
8. Quando compreenderemos que o padre está
ungido por Cristo, como Cristo está
ungido pelo Pai? Basta pensar que Cristo — tal como Messias — quer dizer precisamente «ungido».
Daí que, na ordenação, o padre oiça estas palavras enquanto é
ungido: «O Senhor Jesus Cristo, a Quem o Pai
ungiu pelo Espírito Santo e Seu poder, te guarde para santificares o povo cristão e ofereceres a Deus o sacrifício».
9. Por aqui se vê como, no padre, a
função nasce da
unção. Ele é
ungido por Cristo para agir em nome de Cristo.
Assim sendo, o padre, que não substitui Cristo, é aquele que
representa Cristo. Ou seja, é aquele que
torna presente o próprio Cristo.
10. No fundo, é isto o que o mundo espera de cada padre: que torne presente Cristo.
Ajudemos, pois, os nossos padres para que eles sejam a única coisa que deles devemos esperar: a
transparência de Cristo. Em forma de acção, em forma de testemunho, em forma de profecia, em forma de amor!
Autor: Pe. João António Pinheiro Teixeira