Centenas de devotos, sobretudo das comunidades de Tenões e Nogueiró, marcaram ontem presença na primeira Via-Sacra quaresmal realizada no Bom Jesus do Monte, em Braga.
Os fiéis acompanharam o percurso ao longo dos escadórios até ao Santuário, parando nas várias capelas, percorrendo um caminho que convida a preparar e vivenciar a Páscoa.
A celebração da Via-Sacra foi presidida pelo reitor do Bom Jesus, Manuel Azevedo Tinoco, e pelo pároco Miguel Ângelo, tendo a pregação estado a cargo do padre Nuno, um sacerdote da Congregação dos Missionários Passionistas, de Barroselas, Viana do Castelo.
O caminho foi percorrido debaixo de chuva, deixando-se os devotos guiar pelos relatos dos Evangelistas que transmitiram os últimos momentos em que Jesus levou até ao fim o seu grande amor por nós.
Na reflexão na primeira estação, o pregador recordou a passagem em que os discípulos, procuraram Jesus para lhe perguntar : «Mestre, onde queres que preparemos a Páscoa?» e convidou os devotos a prepara-se efetivamente para viver a Páscoa, aproveitando a oportunidade que lhes é dada nestes 40 dias de quaresma, e esforçando-se por vivenciá-la com os mesmos sentimentos que havia em Jesus Cristo.
Segundo o pregador podemos aprender a ser mais parecidos com Jesus caminhando com Ele, renunciando a nós próprios, tomando cada um a nossa Cruz e seguindo a Jesus Cristo.
Preparar a Páscoa é fazer esta Via-Sacra e olhar para Jesus naquela última Ceia que instituiu a Eucaristia e que se tornou a antecipação do que irá a contecer no calvário.
«A vida só tem sentido na medida em que dou a minha vida a favor dos outros», sustentou, incitando os presentes «a aprender com Jesus o serviço de dádiva aos outros».
Ainda nas primeiras estações o sacerdote recordou os momentos de agonia de Jesus no Monte das Oliveiras.
«Esquecemos que não há experiência nenhuma, à exceção do pecado, que seja desconhecida para Deus. Cristo também teve dúvidas, também teve medo», avançou o sacerdote, argumentando que aquilo que aconteceu entre a agonia de Jesus e a coragem de seguir em frente foi precisamente a oração.
«Se queremos sair vitoriosos das nossas lutas, ultrapassar as tentações, temos de rezar», defendeu o sacerdote.
Tomando como exemplo a oração de Jesus, o sacerdote aponta alguma caraterísticas, nomeadamente o facto de Jesus falar com o Pai, em clima de perfeita confiança e não com o medo com que se fala com um juiz.
A segunda caraterística é a verdade na oração, uma vez que Jesus não tem vergonha ou receio de admitir perante o Pai o que estava a sentir no momento da oração.
«Temos de abrir o coração, ser verdadeiros na oração», sustentou.
O terceiro segredo passa por não encarar a oração como um negócio ou uma troca com Deus, mas antes como uma oportunidade para descobrir qual é a vontade de Deus a nosso respeito.
Nas primeiras estações houve ainda oportunidade para refletir sobre a traição de Judas a Jesus, lembrando que ele era um discípulo que traiu o Senhor.
O sacerdote afirmou também que se Jesus deixou de ser o Senhor da nossa vida, também essa é uma forma de traição, mas lembrou aos presentes que contrariamente a Judas, Jesus não nos abandona e continua a tratar-nos como amigos.
Esta primeira Via-Sacra abre um ciclo que se repetirá todos os domingos da Quaresma, estado do as celebrações a cargo das comunidades paroquiais da zona pastoral d'Este do arciprestado de Braga.
Assim, no próximo domingo da Quaresma, dia 12, será a vez de Gualtar, e uma semana depois, no dia 19 a animação fica a cargo da paróquia de São Mamede d'Este.
Autor: Carla Esteves