Milhares de fieis do Arciprestado de Amares e Terras de Bouro peregrinaram hoje ao santuário da Nossa Senhora da Abadia, numa expressiva demonstração de fé e devoção mariana.
A peregrinação congregou pelo segundo ano consecutivo as comunidades paroquiais de Amares e de Terras de Bouro, após a fusão dos dois arciprestados em 2024.
A saída, de Santa Maria do Bouro, ocorreu meia hora mais cedo do que o ano anterior, de modo a permitir a celebração da Eucaristia campal em horário mais adequado.
Presidiu à missa, no recinto do santuário, o cónego Luís Miguel Figueiredo Rodrigues, em substituição do Arcebispo Metropolita de Braga, D. José Cordeiro, ausente por motivos pastorais.
Na homilia, o celebrante destacou a importância do discernimento espiritual e da vivência sinodal na Igreja atual.
«Vivemos um tempo em que o discernimento é urgente, na Igreja, nas famílias, nas nossas comunidades paroquiais. Somos chamados a escutar juntos o Espírito Santo. A sinodalidade - como o Papa Francisco tanto insistia e que o Papa Leão XIV reforçou logo na sua primeira intervenção no balcão da Praça de São Pedro, no dia da sua eleição - não é uma moda passageira», afirmou o cónego Luís Miguel Rodrigues, notando que é necessário «regressar às fontes, à Igreja dos Atos dos Apóstolos».
Inspirado nas leituras do VI Domingo do tempo Pascal, o sacerdote da Arquidiocese de Braga apelou a que todos aprendam com Maria, «mulher do discernimento», a escutar o Espírito Santo e a «caminhar com os outros, mesmo quando o caminho exige paciência, escuta e tempo».
«Que esta peregrinação não seja apenas um acontecimento bonito, mas um verdadeiro estímulo ao discernimento e à comunhão», exortou o celebrante diante de uma multidão de peregrinos.
O cónego Luís Miguel Rodrigues, que desenvolveu a sua homilia a partir de três palavras eclesiais, mas também marianas - discernimento, comunhão e paz - sublinhou que a Igreja de Cristo é uma «Igreja em peregrinação, construída sobre o testemunho dos que nos precederam e aberta a todos os povos», sendo Maria «a figura perfeita desta Igreja».
Salientou que a verdadeira paz cristã «nasce não da ausência de conflitos e divergência de opiniões», mas da certeza da presença de Jesus Cristo ressuscitado no meio da Sua Igreja.
«É esta paz que buscamos também nesta peregrinação não procurarmos a evasão dos problemas mas a certeza de que o Senhor caminha connosco e onde está Maria, aí está a paz», acrescentou.
Esta caminhada de fé, que liga o mosteiro de Santa Maria de Bouro ao santuário da Abadia, numa extensão de cerca de quatro quilómetros, pela montanha, contou já com um «grupo significativo de peregrinos de Terras de Bouro», depois da fusão dos dois arciprestado o ano passado, disse o padre Almerindo Costa, vice-arcipreste.
O arcipreste, o padre Tiago Barbosa, dirigiu uma palavra de saudação a todos os peregrinos, incluindo utentes de diversas IPSS, bem como às autoridades municipais e civis presentes dos concelhos de Amares e de Terras de Bouro.
Confraria quer restaurar interior da igreja
A Confraria da Nossa Senhora da Abadia aguarda a aprovação de uma candidatura para proceder ao restauro do interior da igreja.
Segundo o presidente, Carlos Portela, a candidatura foi submetida à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDRN), área do património, com o valor de um milhão de euros.
Visa o restauro dos altares, imagens, tecto, entre outras intervenções. Depois da requalificação do exterior, a Confraria pretende dar outro brilho ao interior do santuário que é visitado anualmente por milhares de peregrinos, devotos e turistas. Em 2024, a loja de turismo do santuário registou mais de 30 mil entradas.
«Estamos a aguardar, acreditamos que seja aprovada este ano para podermos avança o quanto antes com a obras», disse Carlos Portela à margem da peregrinação arciprestal.
Construído entre os séculos VII e VIII, o santuário da Senhora da Abadia, situado no concelho de Amares, é considerado o santuário mariano mais antigo de Portugal.