A “Cruz do Brasil”, pertencente ao Tesouro-Museu da Sé de Braga, vai percorrer várias cidades e estados brasileiros, numa peregrinação que pretende comemorar os 525 anos da primeira missa celebrada no Brasil.
A “Peregrinação da Cruz da Primeira Missa - 525 Anos - Ano Jubilar” iniciou-se hoje na Sé Primaz de Braga com a entrega da secular cruz metálica a uma delegação brasileira, após a celebração da Eucaristia, presidida pelo Arcebispo Metropolita de Braga.
Na homilia, D. José Cordeiro expressou o desejo de que esta peregrinação jubilar por terras de Vera Cruz, iniciada na catedral mais antiga de Portugal e no limiar da Semana Santa, possa traduzir-se no «milagre de ampliar corações» para que «tenhamos um mundo mais justo, mais belo, mais verdadeiro».
«É para nós uma grande esperança e responsabilidade e honra partilharmos da alegria dos 525 anos da celebração da Eucaristia em território brasileiro. E celebramos convosco este duplo jubileu: os 2025 anos e os 525 anos do mesmo e único mistério, porque a Eucaristia atualiza o mistério da Cruz. A Cruz é a nossa esperança, é nela que fundamos as nossas raízes, e o mundo de hoje precisa de sinais de esperança, de pequenos gestos que transformam corações, atitudes, mentalidades», realçou o prelado.
O cónego Omar Raposo de Sousa, reitor do Santuário Cristo Redentor do Corcovado, Rio de Janeiro, transmitiu «enorme alegria e satisfação» pela peregrinação iniciar na Sé mais antiga de um país «tão lindo, privilegiado e carregado de história».
«Esta cerimónia com a presença desta magnifica cruz e da imagem da Senhora Aparecida fortalece os laços de fé, esperança e caridade que nos unem como nação», acrescentou.
Além do cónego Omar, da Arquidiocese do Rio de Janeiro, a delegação brasileira integrava deputados, representantes da Federação do Turismo do Brasil e do comité do Santuário Cristo Redentor e uma indígena Pataxó, tribo onde foi celebrada a primeira missa no Brasil pelos portugueses.
Em declarações ao Diário do Minho, Wilza Neves Silva, representante daquela etnia, não escondeu a sua alegria por estar presente neste «momento muito especial», na Sé de Braga.
«Foi o povo Pataxó que teve o primeiro contacto com o Cristianismo no Brasil, na Costa do Descobrimento [sul do Estado da Baía]», lembrou.
Wilza Silva referiu que a sua etnia aprecia a encíclica “Laudato si”, do Papa Francisco, por «celebrar a importância dos povos originários, alertar para a crise climática, para o cuidado a ter com a Casa Comum».
A entrega da “Cruz do Brasil” foi oficializada com a assinatura de um documento pelo Arcebispo de Braga e pelo cónego Omar de
Sousa, em representação do Arcebispo do Rio de Janeiro, numa mesa em que estavam pousadas, lado a lado, a Cruz do Brasil e a imagem da Nossa Senhora da Aparecida, trazida pela delegação brasileira, a qual tem o título de “generalíssima” e uma medalha do Papa Francisco com um pedido: “levai a paz”.
Na ocasião, o deão da Sé de Braga referiu que a “Cruz do Brasil” é um símbolo «muito importante» que o Tesouro-Museu da Sé «guarda com muito carinho» e que é muito apreciado pelos turistas brasileiros.
«Esta cruz fala-nos de um encontro de culturas, de povos, fala de pontes, fala de caminhos que um dia se cruzaram já lá vão 525 anos», disse o cónego José Paulo Abreu, expressando alegria por «esta comunhão entre os dois povos», o de Portugal e do Brasil.
A cerimónia contou também com a presença do presidente da Câmara Municipal de Braga, Ricardo Rio.
A peregrinação, promovida pelo Santuário Cristo Redentor - Rio de Janeiro, através do Instituto Redentor, decorrerá até ao dia 28 de abril, por várias cidades e estados brasileiros. Antes de chegar ao Brasil, no dia 15 de abril, passará por Cascais e Lisboa.
O acolhimento no Brasil terá lugar na cidade de S. Paulo, na próxima terça-feira. Daqui passará pelas cidades de Aparecida/Guaratinguetá; Porto Alegre, Maricá, Rio de Janeiro, Brasília, Manaus, Salvador, Porto Seguro.
Em Porto Seguro, onde estará nos dias 26 e 27 de abril, a peregrinação culminará com a comemoração dos 525 anos da celebração da Primeira Missa celebrada no Brasil, na Costa do Descobrimento.