A Ação Católica Rural (ACR) da Arquidiocese de Braga celebrou este sábado 90 anos de atividade com uma sessão solene e um convívio no Centro Pastoral e Cultural da Arquidiocese.
Este momento festivo contou com a presença de dezenas de militantes e antigos militantes dos movimentos que forma a Ação Católica, que aproveitaram a ocasião para refletir sobre o percurso da ACR e os desafios para o futuro.
O Arcebispo Metropolita de Braga não pôde estar presente, mas enviou uma mensagem em vídeo, em que destacou a relevância do papel da ACR na Arquidiocese ao longo dos tempos, com a Liga Operária Católica/Movimento dos Trabalhadores Cristãos e a Ação Católica dos Meios Sociais Independentes (ACI).
«A ACR conta muitos anos de evangelização na nossa Arquidiocese de Braga. A atualidade do método “Ver, Julgar, Agir” permite-nos continuar a discernir, a analisar e a concretizar o Evangelho em todos os ambientes onde nos encontramos. Porque Deus está em todas as coisas e está onde nós estamos. Bom caminho e continuação neste itinerário que juntos queremos fazer no caminho de Páscoa para sermos renovados peregrinos de esperança», afirmou D. José Cordeiro, nas palavras que dirigiu ao Movimento e aos seus membros.
Além de D. José Cordeiro, a ACR recebeu uma mensagem do Arcebispo Emérito, D. Jorge Ortiga, lida pelo Diácono José Maria Costa, assistente da LOC/MTC. Na mensagem, D. Jorge Ortiga expressou o seu apoio e reconhecimento ao trabalho da ACR ao longo das décadas
«Deixo um abraço a todos os perseverantes nesta aventura eclesial, que desempenhou um grande contributo para a presença da Igreja no mundo», afirmou o Arcebispo Emérito.
À margem da sessão, o coordenador do Conselho Arquidiocesano da ACR, Tiago Oliveira, destacou a importância de a ACR manter a sua «vitalidade e relevância» ao longo dos anos, especialmente num contexto em que a Igreja está em transformação, e manifestou o redrobado empenho do Movimento em cumprir e desenvolver bem a sua missão.
«Um dos principais desafios é aguentar mais de 90 anos. Daqui a 90 anos, precisamos estar também aqui vitais e com este sentido de missão perante o meio. A Igreja está em transformação, e acredito que o papel do laico na Igreja será cada vez mais fundamental», disse ao Diário do Minho.
Tiago Oliveira defende que os próximos anos devem ser marcados por um processo de renovação e por um fortalecimento do sentido de missão dentro da ACR. Sublinhou também a importância e o desejo de manter os projetos sociais desenvolvidos pelo movimento, um instrumento fundamental na sua ação local. Um deles é o projeto solidário “Cinco Pães e Dois Peixes”, que arrancou no período de Covid-19 e que está a apoiar atualmente 52 famílias, mensalmente, de uma forma discreta nas comunidades onde a ACR tem equipas-base.
«A essência de cada movimento aqui presente é estabilizar o meio onde está inserido. Isto é, sinalizar realmente as preocupações locais e para isso, é preciso fazer uma atuação local. A parte social tem um peso fundamental para nós, assim como a socialização da Igreja», indicou o dirigente.
Além dos projetos sociais, Tiago Oliveira destacou a importância de trabalhar na área familiar, face aos desafios atuais na sociedade.
“O contexto familiar está a perder muitos dos seus valores humanos, muitos dos valores das famílias. E é um trabalho que nós gostaríamos de fazer, desde os mais novos até aos adultos. Queremos reencontrar e redescobrir os valores em família», notou.
O coordenador revelou que o movimento está a desenvolver um projeto específico no sentido de combater a perda de valores familiares, decorrente do impacto das novas tecnologias e dos meios de comunicação digitais.
Na abertura dos trabalhos interveio também Albano Cruz, vice-coodenador da LOC/MTC Arquidiocesa, e Ana Cunha, coordenadora da ACI.
Albano Cruz agradeceu a todos os trabalhadores cristãos que deram e continuam a dar o seu contributo à Igreja e à Sociedade, seja na Pastoral, na Associativismo, no Sindicalismo ou na Política.
«O que continua a unir-nos aqui, em Braga, no Conselho Arquidiocesano da Ação Católica, é o Método de Revisão de Vida que nos une nesta grande evangelização dos diferentes meios, no nosso caso particular no mundo do trabalho», disse.
Ana Cunha observou que o mundo está em transformação, mas referiu que se nesta mudança estiverem as bases da Ação Católica e os carismas dos seus fundadores, a evangelização «será eficiente».
«Nós somos um grupo pequeno, mas um grupo muito ativo e mantemos a nossa esperança», acrescentou.
O programa inclui ainda uma conferência com o padre Jorge Cunha, docente da Faculdade de Teologia da UCP, intitulada “90 anos da Ação Católica - Da história à atualidade rumo ao futuro”. O palestrante, que começou por recordar o sentido do Movimento desde o seus inícios (foi fundado em 1924), propôs um novo Método para a Ação Católica.
«Precisámos de rever o Método de Revisão de Vida e também o Hino. Em vez do Ver, Julgar, Agir, teremos que Sentir, Confrontar, Decidir. Precisamos de nos religar às fontes da nossa própria vida», disse.
Para o sacerdote, as ações dos membros da ACR devem começar não pelo ver, mas pelo sentir no coração.
«Tudo começa no coração, no sentimento, o ver e o decidir vêm depois. Temos que começar na mística e não na ciência», acrescentou o padre Jorge Cunha.
Antes do encerramento dos trabalhos, houve um momento de confraternização com partilha do bolo de aniversário e cântico dos parabéns à ACR, ao que se seguiu o almoço.