O bispo auxiliar de Braga realizou, este domingo, pela primeira vez, metade do percurso da secular Ronda da Lapinha, em Guimarães. D. Delfim Gomes caminhou ao lado dos peregrinos que cumprem anualmente a designada “meia maratona de fé”, a mais extensa peregrinação concretizada numa só tarde, transportando o andor da Senhora ao longo de 21 quilómetros.
A secular Ronda da Lapinha voltou, este domingo, a reescrever a sua história. Depois do Arcebispo Primaz, em 2023, o bispo auxiliar de Braga realizou metade do percurso da “meia maratona de fé” ao lado dos peregrinos. «Uma experiência desafiante, mas que mostra uma devoção muito profunda, uma tradição tão rica e reveladora da fé deste povo», enalteceu D. Delfim Gomes.
«Esta Ronda é desafiante porque é um caminho de fé onde se mistura tudo, as crianças, os jovens, adultos, os mais idosos, com as suas seculares tradições, as manifestações de agradecimento, de louvor e cânticos à Virgem. Tudo isto faz deste percurso de devoção o sinal de uma religiosidade muito profunda e muito vin- cada neste povo minhoto. Esta Ronda mostra uma devoção muito profunda, uma tradição rica e reveladora da fé deste povo», disse, ao ‘DM’, o bispo auxiliar de Braga, depois de cumprir com os peregrinos metade do percurso da Ronda da Lapinha, entre entre a freguesia de Calvos e a igreja de Nossa Senhora da Oliveira, no centro histórico da cidade de Guimarães.
D. Delfim Gomes acrescentou que viver a singularidade daquela peregrinação, caminhar junto ao andor da santa padroeira e protetora das culturas, com uma multidão de peregrinos, muitos com flores nas mãos, atravessando mais de uma dúzia de freguesias, ao som de cânticos e orações, muitas vezes num passo alucinante, vencendo mais de 10 quilómetros, «é uma experiência muito gratificante e que me deixa de coração cheio por tudo aquilo que vi, senti e pude observar, porque esta é uma religiosidade e uma fé profunda que toca o coração das pessoas», valorizou.
Antes, na homilia da eucaristia solene a que presidiu, frente ao santuário da Lapinha, o bispo auxiliar de Braga havia pedido aos romeiros que sejam semente e frutos do reino de Deus nos caminhos da vida. «A forma como estamos na Igreja tem de ser semente deste reino de Deus no mundo, sendo luz de Jesus Cristo para os outros. É isto que um cristão está chamado a ser: luz do reino que nos vem de Jesus Cristo, a semente de Deus, que Maria acolheu com tanta delicadeza e amor, que cuidou, ajudou a crescer e seguiu», apontou.
Este domingo, milhares de peregrinos voltaram a cumprir uma tradição que remonta aos finais do século XVII, expressando o seu fervor e devoção mariana e calcorreaando mais de 20 quilómetros num só dia. «Foi mais uma grande manifestação de fé que nos enche de muita alegria e orgulho, contando com o bispo auxiliar de Braga», concluiu Fátima Dias, juíza da Irmandade.