twitter

Cardeal Tolentino de Mendonça defende "Igreja Eucarística" contra "juízos que excluem”

Cardeal Tolentino de Mendonça defende "Igreja Eucarística" contra "juízos que excluem”
Fotografia DACS

Redação

Publicado em 02 de junho de 2024, às 14:12

Afirmou hoje em Braga que a igreja em Portugal é de "portas abertas" e privilegia o "serviço amoroso à vida, em vez da rigidez dos juízos que excluem”.

O cardeal Tolentino de Mendonça afirmou hoje em Braga que a igreja em Portugal é “chamada a ser Eucarística”, de "portas abertas" e privilegiando o "serviço amoroso à vida, em vez da rigidez dos juízos que excluem”.

Na homilia de encerramento do V Congresso Eucarístico Nacional, onde esteve na qualidade de enviado especial do Papa Francisco, D. José Tolentino de Mendonça destacou que a igreja em Portugal é “chamada a ser uma Igreja Eucarística”, ou seja, que “não se coloca a si mesma como prioridade” e “que valoriza a participação de todos os batizados, que reconhece o papel do ministério ordenado, que cuida dos seus pastores e os acarinha” e que “lê com profecia o lugar da mulher na Igreja”.

“A Igreja Eucarística é uma igreja de ‘portas abertas’, que se apresenta mais como experiência de serviço amoroso à vida, em vez da rigidez dos juízos que excluem”, salientou o prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação da Santa Sé, no discurso a que a agência Lusa teve acesso.

Para Tolentino de Mendonça, a igreja em Portugal é também “samaritana”. “Uma igreja que atualiza a linguagem da compaixão. Uma igreja de proximidade, não indiferente nem esquiva, mas capaz de fazer suas (...) as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e todos aqueles que sofrem”, destacou.

Esta é uma igreja “especialista em humanidade que, como insiste o Papa Francisco, ‘não aponta o dedo, mas abre os braços’”, acrescentou.

“No ano em que celebramos 50 anos da democracia portuguesa, voltamos a celebrar o congresso eucarístico para repensar o contributo da Igreja na nossa sociedade em acelerada transformação”, afirmou o cardeal.

Para Tolentino de Mendonça, esta é a igreja que “experimenta desafios epocais tão grandes, como as alianças intergeracionais e interculturais a construir urgentemente no Portugal contemporâneo”.

“Uma aliança que garanta o pão do futuro para os jovens hoje cercados pela precariedade e o pão do amor para os mais velhos que não podem ser postos fora da equação social, porque já não são produtivos”, alertou o cardeal, propondo uma “aliança que assente na compreensão da diversidade cultural como um enriquecimento comunitário e não como uma barreira à coletiva maturação do bem comum”.

Tolentino de Mendonça reforçou ainda que o pão pode ser “o signo da desigualdade social, da inquietante ideologia da exclusão e do descarte”, mas também “pode ter o perfume da paz ou estar na origem dos inúteis conflitos tóxicos e das devastadoras guerras”.

“O pão pode ser aquilo que une ou a ferida que violentamente separa”, constatou.

O V Congresso Eucarístico Nacional (CEN) começou na sexta-feira, 31 de maio, no Fórum Braga, em torno do tema genérico “Partilhar o Pão, Alimentar a Esperança”, contando com perto de 1.500 inscritos.

A missa insere-se, também, na Peregrinação Arquidiocesana ao Sameiro, que este ano ganha uma projeção especial por coincidir com o encerrar do congresso.

O congresso de Braga antecede o 53.º Congresso Eucarístico Internacional, que se realiza em Quito, no Equador, de 08 a 15 de setembro, subordinado ao tema “Fraternidade para curar o mundo”.