O Arcebispo Metropolita de Braga incentivou hoje os cristãos, na Missa do Natal do Senhor, celebrada na Sé Primacial, a tecerem «relações solidárias e de proximidade» com «aqueles que são a manifestação das chagas de Deus».
«A procura de Deus é também uma atenção ao outro, àquele Jesus que nasce como um “incómodo” na nossa vida, mas quando a habita torna-a experiência de bondade e um lugar de comunhão e de paz. Natal é a habitação de Deus entre nós. Belém, casa do pão de esperança, quer dizer também: paz, habitação, educação, saúde», enfatizou D. José Cordeiro.
Diante da assembleia reunida na Sé para celebrar a solenidade do Natal, o prelado lembrou os «rostos sofredores de tantas famílias», dos desempregados, pobres, doentes, migrantes, presos, vítimas de todo o tipo de abusos, dos mais sós, de pessoas idosas.
«Rezo, vejo e contacto diariamente com alguns irmãos e irmãs assim, especialmente nestes tempos desafiantes e tão exigentes. Aqueles que são a manifestação das chagas de Deus e da sua vulnerabilidade, mostram a necessidade de tecermos as relações solidárias e de proximidade», disse.
Nesta missa solene, em que se celebrou o nascimento de Jesus, rezou-se ainda por todos os que se vêem obrigados a viver o Natal no sofrimento, na situação de guerra, na solidão, na ignorância, na pobreza, na depressão, no stress, no desemprego, na emigração e sem habitação.
D. José Cordeiro pediu a «alegria da paz» para o mundo e para a Igreja, «em especial a unidade e a paz na Igreja de Braga, para ser uma comunidade de comunidades sinodais».
Convidou crentes e não crentes a acolherem Jesus e a louvarem a Deus , referindo que a melhor forma é na oração, sobretudo na celebração da Eucaristia, «porque é essa a proposta maior da fé na Igreja».
No tempo tão delicado que nos toca viver, com tantas tensões, problemas e desafios, somos, mais que nunca, chamados à alegria da esperança. Sem alegria não há vida plena.
No início da homilia, D. José Cordeiro explicou o sentido do prólogo do Evangelho de S. João, que caracteriza a Missa de Natal e enfatiza que “o Verbo fez-se homem e veio habitar connosco”.
«Nesta frase reside a nossa alegria e o genuíno sentido da solenidade do Natal. O prólogo de São João é um autêntico hino ao “Logos”, isto é, a narrativa da salvação desde a criação a Jesus Cristo, que já era desde o princípio antes que o mundo fosse», sublinhou o prelado.
D. José lembrou ainda que foi através de S. Francisco de Assis, há 800 anos, em Greccio (Itália), que a Igreja começou a representar o Presépio de Nazaré, um presépio vivo para «ver o Natal».
«S. Francisco de Assis sentia uma lacuna na representação do nascimento do Filho de Deus (...) Por isso, criou uma imagem viva do Menino de Belém, feito de carne, de um olhar, de um gemido, de um sorriso e, ao mesmo tempo, pediu um sacerdote para celebrar naquela noite a Eucaristia», explicou.
Ontem, na Missa da Noite, conhecida como Missa do Galo, celebrada na Sé, D. José Cordeiro transmitiu aos fiéis uma mensagem de coragem e confiança, principalmente aos que vivem com medos (do sofrimento, do futuro, da doença, da solidão, da guerra, da morte).
«Não temais. A Luz do Nascimento de Jesus ilumina as trevas da noite com os bastantes medos que podem existir em cada um de nós», disse, acrescentando que neste tempo «tão delicado», com «tantas tensões, problemas e desafios», cada um é chamado, «mais do que nunca, à alegria da esperança». «Sem alegria não há vida plena», concluiu.
O Arcebispo de Braga passou o dia 24 com os sem-abrigo da cidade de Braga, num encontro na delegação de Braga da Cruz Vermelha Portuguesa. E à noite, antes da Missa do Galo, celebrou o Natal com os padres mais idosos, na Casa Sacerdotal.