A
Conferência Episcopal Portuguesa publicou hoje uma nota pastoral sobre o centenário do Corpo Nacional de Escutas, propondo aos escuteiros um «renovado desafio da fidelidade» ao Cristianismo.
«Observando as mudanças ocorridas a nível social e cultural, verificamos que o desafio da salvaguarda e valorização da identidade do CNE se tornou ainda mais premente. Entre os vários aspetos que constituem esta identidade, a dimensão eclesial do Escutismo Católico Português continua a requerer particular atenção, como tesouro que importa valorizar no contexto escutista mundial», salientam os bispos portugueses.
Lembrando que o Escutismo «visa a promoção de uma forma de cidadania empenhada, ativa e responsável», a Conferência Episcopal incentiva o CNE a assumir «o seu papel ativo na sociedade, preparando e incentivando os seus membros para darem o seu contributo em projetos, iniciativas e serviços que visam o bem comum na Igreja e no mundo».
O Corpo Nacional de Escutas - Escutismo Católico Português completa 100 anos de existência a 27 de maio de 2023. As comemorações realizam-se na cidade de Braga, onde o movimento nasceu com a designação “Corpo de Scouts Católicos Portugueses”, estando prevista a presença de 21 mil escuteiros de todo o país.
Os bispo católicos portugueses referem que a “Festa do Centenário” pode ser um momento oportuno para convidar e integrar na família escutista «aquele que está fora, no respeito pela sua liberdade e individualidade», numa atenção também às «chamadas periferias».
«Na proposta do CNE, muitos poderão conhecer e abraçar a fé através deste Movimento eclesial», notam os bispos, lembrando que «o cuidado para com a evangelização terá de ser sempre a missão do CNE».
O Movimento assume-se como a maior associação de jovens do país, com cerca de 70 mil associados.
«Desejamos que este centenário seja oportunidade para valorizar o sentido do compromisso da Promessa escutista, para que continue a ser profética na edificação da fraternidade humana e na construção da justiça e da paz», acrescentam.
Ao completar 100 anos de existência do CNE, fazemos memória agradecida do seu passado e sonhamos com esperança o futuro.
Os bispos sublinham que o Escutismo desempenha na sociedade um «papel complementar das demais instâncias educativas» e consideram que a sua pedagogia «tem provas dadas pelo mundo inteiro e ao longo de mais de um século, sem perder a sua pertinência».
«Ainda antes de se acentuar a consciência ecológica na sociedade em geral, já o Escutismo promovia uma maneira de estar em perfeita harmonia com o meio ambiente e a natureza», pode ler-se na nota do episcopado.
Os bispos destacam ainda o contributo do Escutismo para a transmissão de valores aos mais jovens, «em tempos de acentuado relativismo individualista», e a sua ação em prol de uma educação para a «fraternidade, o respeiro e a solidariedade».
Para a CEP , o Corpo Nacional de Escutas «soube adaptar-se à novidade dos tempos, afirmando-se como movimento eclesial em consonância com a missão da Igreja» e «contribuiu, de forma decisiva, para a fundação do Escutismo noutros países lusófonos, graças ao verdadeiro espírito missionário de vários dos seus dirigentes».
Os bispos portugueses exprimem o desejo de que o CNE possa continua a «crescer harmoniosa e integralmente» e descubra «progressivamente as potencialidades do seu contributo para a Igreja e para o mundo».
Lembrando os compromissos que o CNE tem enquanto movimento da Igreja Católica e associação de fiéis, afirmam que «há valores inalienáveis que um escuteiro católico deve defender e promover» sendo o maior «o valor da própria vida humana, integrada na família, dom sagrado e inestimável de Deus».
A nota da CEP começa por evocar inícios da fundação do CNE, por iniciativa do Arcebispo de Braga D. Manuel Vieira de Matos e do seu secretário, monsenhor Avelino Gonçalves, após o Congresso Eucarístico de Roma (1922), recordando que o processo de legalização do Escutismo «não foi simples a nível civil», mas, «depois de a semente ter sido lançada em vários locais, cedo começou a ser pólo de atração, deixando de ser possível impedir o seu desenvolvimento».
«O percurso nem sempre foi linear ao longo destes 100 anos. O CNE viveu momentos atribulados, como aliás o próprio país e a Igreja. Porém, a perseverança, a resiliência e a fé de muitos permitiram manter o rumo, superando os obstáculos», referem.