twitter

Institutos Religiosos recebem lista de 17 alegados abusadores sexuais, a maioria falecidos

Institutos Religiosos recebem lista de 17 alegados abusadores sexuais, a maioria falecidos
Fotografia DR

Agência Lusa

Agência noticiosa

Publicado em 28 de abril de 2023, às 09:21

Dez já morreram, dois estão no ativo, quatro não estão ativos e um é desconhecido.

A Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal recebeu esta quinta-feira uma lista, da ex-comissão que investigou os abusos sexuais na igreja, que aponta 17 alegados abusadores em dez Institutos de Vida Consagrada da sua rede, a maioria já falecidos.

O coordenador da ex-comissão independente, Pedro Strecht, foi esta quinta-feira recebido e participou, em Fátima, no primeiro de dois dias da assembleia geral da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP), onde entregou uma lista com os nomes recolhidos durante a investigação que a sua equipa levou a cabo relativamente aos Institutos da Vida Consagrada. Estas instituições integram 132 Institutos Religiosos e Sociedades de Vida Apostólica existentes em Portugal (94 femininos e 38 masculinos).

De acordo com informações da CIRP enviadas à Lusa, nas listas entregues por Pedro Strecht constam 17 alegados abusadores, dos quais dez já morreram, dois estão no ativo, quatro não estão ativos (sendo que dois não estão vinculados ao instituto) e um é desconhecido.

Segundo o mesmo documento, as instituições são os Irmãos Maristas (dois não ativos e não vinculados ao instituto), as Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima (um no ativo), os Missionários da Consolata (um falecido), a Ordem dos Frades Menores - Capuchinhos (um no ativo), a Ordem dos Frades Menores - Franciscanos (dois falecidos e um não ativo), a Ordem Hospitaleira de São João de Deus (um não ativo), a Província Portuguesa da Companhia de Jesus - Jesuítas (quatro falecidos), as Religiosas do Coração de Maria (um colaborador leigo falecido), os Sacerdotes do Coração de Jesus - Dehonianos (um falecido) e dos Salesianos (um falecido e outro desconhecido).

Na nota, a CIRP garante que “a informação recebida será analisada por cada um dos Superiores Maiores, para uma adequada identificação dos alegados abusadores e das situações em que ocorreu o alegado abuso, de forma que seja possível tomar as medidas civis e canónicas previstas para estes casos”.

A CIRP agradece à ex-comissão independente o trabalho desenvolvido ao longo do último ano a pedido da Conferência Episcopal Portuguesa e da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal. “Este era um estudo essencial para compreendermos o contexto dos abusos de menores na igreja e assim encontrarmos um novo rumo a seguir para evitar que estes crimes voltem a acontecer”, sublinha.

A Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal afirma que “tem percorrido este caminho de purificação e conversão eclesial em comunhão com os bispos desde o início do processo” e congratula-se agora com a criação do Grupo VITA que foi apresentado na quarta-feira, com Rute Agulhas a coordenar a equipa técnica. “Estamos totalmente disponíveis para colaborar nas ações que forem desenvolvidas, nomeadamente no acolhimento, escuta, acompanhamento e prevenção das situações de abuso sexual”, garante a organização.

A CIRP diz acreditar que “este novo grupo de acompanhamento trabalhará no apoio às vítimas de abusos e na intervenção junto dos agressores sexuais e que terá, entre outras, a tarefa de criar um “Manual de Prevenção de Situações de Abuso Sexual de Crianças e Adultos Vulneráveis no contexto da Igreja Católica em Portugal”. “É fundamental para nos ajudar a garantir que a Igreja é um lugar seguro e que a ‘tolerância zero’ pedida pelo Papa Francisco é cada vez mais uma realidade”, considera.

A Conferência manifesta ainda, na mesma nota, a sua “profunda gratidão a todas as vítimas que deram o seu doloroso testemunho, o qual permitiu trazer luz à realidade dos abusos de menores no seio da Igreja”. “Deixamos uma palavra de coragem àquelas que ainda não foram capazes de falar sobre os acontecimentos trágicos que tocaram as suas vidas, para que consigam denunciar os crimes abjetos que sofreram. Estamos unidos ao seu sofrimento, dor e revolta e queremos, sincera e humildemente, pedir-lhes perdão pelos abusos de que foram vítimas nos nossos Institutos”, lê-se no documento.

A CIRC manifesta “disponibilidade para acolher as vítimas que o desejem” e garante que “não faltará o adequado apoio, seja ele psicológico, psiquiátrico, jurídico, financeiro ou espiritual, para a recuperação possível das feridas profundas que foram infligidas”.