Ontem aconteceu a última viagem para conhecer o projeto urbano “As Paragens onde o Tempo Habita”. A bordo de um autocarro, a vista da cidade pode ser diferente, ter outro encanto, sobretudo quando em cada paragem aguarda os passageiros um colorido artístico diferente e original.
«A visão permitida a partir do interior do Teatro Bus revela-se a ideal para uma apreciação de conjunto dos trabalhos dos nossos artistas», considera Paulo Leocádio Ribeiro, diretor da Escola Superior Artística de Guimarães (ESAG), cujos artistas assinam os grandes formatos que decoram as paragens de autocarros da cidade.
De resto, o responsável não tem dúvidas que as visitas guiadas promovidas pela autarquia, sempre com lotação esgotada, «foram muito positivas», sobretudo por permitirem uma maior projeção das ilustrações.
As ilustrações em grande formato com referências artísticas, mas também à iconografia da cidade, da autoria de artistas formados pela Escola Superior Artística de Guimarães, não passaram e não passam despercebidas a ninguém. Pelo contrário.
A iniciativa “As Paragens Onde o Tempo Habita” ganhou particular significado com as visitas guiadas organizadas pela Câmara Municipal, com recurso ao Teatro Bus, o autocarro que é um palco que a empresa Arriva tem colocado no centro de várias iniciativas.
O êxito foi de tal ordem que o Município decidiu estender no tempo a ação de arte urbana, que evocou mais um aniversário da elevação do Centro Histórico à categoria de Património Cultural da Humanidade.
«O feedback recebido por parte dos participantes deu-nos ânimo e continua a dar-nos motivos para continuarmos esta aposta na intervenção nas paragens de Guimarães», suportou o vereador da Cultura, José Bastos.
Por outro lado, o autarca salienta também as repercussões positivas para os autores das ilustrações, que viram o seu trabalho chegar a um público vasto e diversificado, e o facto de ser a arte a ir ter com os cidadãos.
Simultaneamente, aquele é «mais um exemplo feliz da qualidade do trabalho em rede e da vontade e implicação direta de instituições que operam em diversas áreas da sociedade, em Guimarães».
Neste caso concreto, juntaram-se as vontades da Câmara Municipal de Guimarães, da Escola Superior Artística de Guimarães e da Arriva. O resultado é uma série de intervenções artísticas de mérito, que conferem a uma série de paragens de autocarro um visual que surpreende pela irreverência, pela originalidade e pelo inusitado.
«Quisemos comemorar a elevação do Centro Histórico de Guimarães a Património da Humanidade a partir de uma visão mais ampla. Não só através daquilo que herdámos do passado – o património construído, o património arquitetónico –, mas também a partir do património imaterial. O património artístico quer construir-se todos os dias e não prescinde destas duas realidades», suportou José Bastos.
Na altura de realizar o balanço da ação, o autarca considerou que «esta é a melhor forma de servir a comunidade e o resultado está aí à vista, com uma adesão assinalável ao programa de visitas guiadas que proporcionámos nesta edição do evento, o que faz deste projeto artístico de espaço público um dos mais originais e estimulantes que Guimarães oferece».
De resto, «a arte tem, também, a função de suscitar reação e, por isso, nada melhor do que provocar o diálogo entre a obra e o cidadão de forma inusitada e em locais que habitualmente não cumprem esse fim», concluiu.
Autor: Rui de Lemos