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Valença e Tui querem ponte pedonal a ligar parque transfronteiriço de 5 milhões de euros

Valença e Tui querem ponte pedonal a ligar parque transfronteiriço de 5 milhões de euros
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Publicado em 11 de março de 2021, às 15:23

O projeto foi apresentado hoje.

Os autarcas de Valença, no Alto Minho, e Tui, na Galiza, Espanha, apresentaram hoje o projeto de parque urbano fluvial transfronteiriço de mais de cinco milhões de euros que prevê a construção de uma ponte pedonal e ciclável. Em conferência de imprensa conjunta, realizada no Paços do Concelho de Valença, no interior deserto da fortaleza habituada a receber 12 mil visitantes por dia, o autarca Manuel Lopes (PSD) disse que o projeto é um "marco histórico" para a cidade portuguesa "que nasceu, cresceu e se desenvolveu ao longo dos anos numa relação íntima e afincada com os vizinhos de Tui". "Se o nosso território foi, ao longo de muitos anos separado por uma barreira natural, o rio Minho, hoje essa barreira natural é nada mais que um elo de ligação entre as duas populações. É um projeto de ambas as cidades, amadurecido ao longo de vários meses. Queremos Valença e Tui viradas para o rio Minho e de mãos dadas para o futuro", reforçou o presidente da Câmara de Valença. A área total do futuro parque transfronteiriço, que poderá começar a ser concretizado em 2022, após garantir financiamento de fundos comunitários, atingirá os 250 mil metros quadrados e uma extensão de 5,7 quilómetros. O projeto será executado "por fases", sendo que a primeira, onde está prevista a construção da ponte pedonal e ciclável "ascende os cinco milhões de euros, valor que poderá aumentar à medida que o projeto for sendo completado". "Sem financiamento comunitário é impensável concretizá-lo, mas penso que Bruxelas estará na disposição de olhar para estas duas cidades que não se repetem em mais nenhuma zona da Península Ibérica. Podemos chegar á ponte metálica e falar para o lado de Espanha e ouvem-nos", disse. Para o autarca trata-se de "um valor acessível", atendendo "à proximidade de povos e de costumes". A centenária ponte Eiffel, que percorre os 400 metros que separam as duas cidades "não é mais do que uma rua que nos liga todos os dias", disse, embora a estrutura esteja atualmente encerrada devido à pandemia de covid-19. A ponte nova, hoje o único ponto de atravessamento entre o Alto Minho e Galiza a funcionar 24 horas, lidera o tráfego rodoviário diário entre os dois países com 15.741 veículos. A ponte pedonal e ciclável será a terceira a ligar a eurocidade Valença e Tui, constituída em 2012, e terá entre "350 e os 400 metros" de extensão. "É ideia ambiciosa, mas exequível, quando a Europa tem os olhos postos em nós e, nós, podemos ser um marco e um exemplo para todos", afirmou Manuel Lopes. O autarca de Tui, Enrique Cabaleiro, destacou que que a nova ponte "ligará os centros históricos das duas cidades que aspiram vê-los classificados como Património da Humanidade", por serem "únicos e singulares em ambos os países". Cabaleiro disse tratar-se de um projeto "estratégico" para um território "onde vivem perto de 40 mil pessoas" e que pretende "superar as dificuldades de mobilidade pedonal" detetadas nos dois lados do rio Minho. "Esse número reflete a magnitude da nossa eurocidade e da sua importância", disse, referindo que as duas pontes internacionais foram construídas para o trânsito de veículos, mais do que à mobilidade de pessoas". "São pontes desenhadas para favorecer a mobilidade rodoviária, e ferroviária, no caso da ponte metálica, e não tanto para as pessoas. De um tempo a esta parte temos constatado que o conceito de mobilidade, felizmente, na Europa e também nos territórios transfronteiriços está a mudar e a virar-se para as pessoas", referiu o autarca de Tui. Para Enrique Cabaleiro "em Tui e Valença esse novo conceito de mobilidade apresentava carências importantes e daí a necessidade de construir uma ponte exclusivamente pedonal". "Infelizmente, ainda estamos confrontados com o encerramento de fronteiras devido à pandemia. Se algo de positivo trouxe este encerramento é um sentimento de identidade nunca antes sentido de querermos partilhar projetos e a nossas vidas. No momento em que se reabrirem as fronteiras, esperemos que brevemente, acredito que haverá uma avalanche de consumidores a um e ao outro lado da raia, não só para comprar, mas para usufruir do lazer e da vida social nos dois lados", destacou. Dentro de "quatro a cinco meses" estará concluído o concurso de ideias para a elaboração do projeto, que terá cerca de 25 hectares. Aquele estudo contempla uma intervenção em toda a margem do rio Minho, desde a Senhora da Cabeça, em Cristelo Côvo, até a uma zona a nascente da centenária ponte Eiffel, na veiga de Ganfei, até à Catedral de Tui. A "via verde marginal, sempre junto ao rio, com perfil de parque urbano, ligará o parque da Senhora da Cabeça ao parque da Veiga de Ganfei e deste ao Paseo Fluvial, que através de uma ecovia liga diretamente ao centro histórico de Tui". No percurso haverá ainda "outras ligações, nomeadamente à fortaleza de Valença, junto à centenária ponte metálica". O novo percurso integrará os já existentes ao longo da ecopista do rio Minho. Do lado português, o projeto prevê a "ampliação" do parque da Senhora da Cabeça e a criação de um conjunto de infraestruturas de lazer, entretenimento e desportivas para potenciar a zona da Veiga de Ganfei, situado junto ao rio. Está ainda prevista a implantação de um espaço de acolhimento, porta de entrada do parque, na parte norte da zona da Veiga de Ganfei.
Autor: Redação/Lusa