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Um amor medido pelo tamanho da herança estreia-se em Fafe no “Lear” de Bruno Martins

Um amor medido pelo tamanho da herança estreia-se em Fafe no “Lear” de Bruno Martins
Fotografia

Publicado em 11 de fevereiro de 2023, às 10:49

A peça sobe pela primeira vez a palco no Teatro Cinema de Fafe.

A verdade “dolorosa e violenta” de um amor de duas filhas medido pelo tamanho da herança de um rei que não quer o peso do reino sobe ao palco em Fafe, com “Lear”, de Shakespeare, numa nova adaptação de Bruno Martins.

A nova criação do Teatro da Didascália e do Teatro do Bolhão leva ao palco uma história sobre uma “dolorosa e violenta falta de amor”, mas também sobre “lealdade, verdade e altruísmo”, numa encenação em que o aluno, Bruno Martins, e “o ex-mestre”, António Capelo, que interpreta rei Lear, trocam de papeis.Com estreia marcada para 17 de fevereiro, em Fafe, “Lear”, de William Shakespeare, conta a história de um rei que divide o reino pelas três filhas, privilegiando as duas que mais lhe dedicam juras de amor e castigando a mais nova, que lhe diz que não o ama mais do que aquilo que deve e que isso é a verdade.

“A verdade seja pois o teu dote”, condena-a o rei, que acaba por dividir o reino apenas pelas outras duas filhas que, com o tempo, pouco tempo, começam a renegar o pai e a conspirar entre elas contra ele.“O Lear não sabe lidar com a falta de amor. O ato de dividir o reino é altruísta, fazer isso em vida é altruísta, o que se torna violento e doloroso é que o pai está vivo, como alguém do próprio sangue lhe pode fazer tanto mal, é demais para ele”, explicou António Capelo, numa conversa à margem de um ensaio para a imprensa.

Integrado na programação da "Odisseia Nacional" do Teatro Nacional D. Maria II, encerrado para obras de reabilitação, "Lear", “estava na ideia há dois anos” e não conta “apenas uma história” a um público, como disse o encenador.“[A ideia] é criar um miniteatro dentro de um teatro, partilhar um momento que seja levar o público a sentir que foi por ter vindo que a peça aconteceu, senão era apenas um ensaio”, referiu Bruno Martins, apontando para o cenário “que está sempre em construção” e que se vai adaptando às salas pelas quais o espetáculo vai passar.“Vamos despir os teatros e colocar lá um espaço de trabalho”, disse.

Além de o encenador guiar o antigo professor, este “Lear” tem ainda a particularidade de reunir no elenco apenas alunos da Academia Contemporânea do Espetáculo, com instalações no Porto e em Vila Nova de Famalicão, concelho onde está sediado o Teatro da Didascália.“Desde o encenador, ao elenco, à equipa criativa, ao som, à direção musical, tudo isto é fruto de uma série de gerações de estudantes da ACE, o que é curioso e também gratificante, este juntar de gerações”, salientou o encenador.

Com encenação de Bruno Martins, “Lear” conta no elenco com Ana Fonseca, Anabela Sousa, António Capelo, Eduardo Breda, Inês Garcia, João Figueiredo, João Paulo Costa, Matilde Cancelliere, Paulo Calatré e Pedro Couto, sendo a dramaturgia de António Capelo e Bruno Martins.

Depois da estreia em Fafe, a peça sobe ao palco do Cineteatro Garrett, na Póvoa de Varzim, a 2 de março e a 10 de março apresenta-se no Cineteatro João Verde, em Monção.O programa “Odisseia Nacional” integra 179 apresentações que, de janeiro a dezembro de 2023, vão “levar” o Teatro Nacional D. Maria II a 93 concelhos portugueses, incluindo Açores e Madeira.

“Odisseia Nacional” é o título do programa com que o “barco” [teatro] D. Maria II, em Lisboa, “vai de saída” país fora, dizendo “adeus” à Praça do Rossio, como escreveu o diretor artístico, Pedro Penim, no documento da programação, enquanto o edifício do teatro estiver a ser alvo de obras que visam torná-lo mais “eficiente e sustentável”, e cujo final está previsto para o primeiro trimestre de 2024.


Autor: Redação/Lusa