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Teatro Oficina leva Guimarães ao palco ao longo de um ano de programação

Teatro Oficina leva Guimarães ao palco ao longo de um ano de programação
Fotografia

Publicado em 20 de janeiro de 2017, às 22:31

João Pedro Vaz coloca Guimarães no centro da programação

João Pedro Vaz começou há pouco a tomar as rédeas da direção artística da companhia Teatro Oficina, mas apenas para montar a programação deste ano manteve dezenas de conversas com largas dezenas de vimaranenses, das mais variadas instituições, associações, intelectuais e agentes mais ou menos ligadas à cultura da cidade.

A «visão panorâmica» de um concelho e dos seus atores marca a aposta assumida num ano de projetos com Guimarães no centro. 

O ator e encenador que substitui Marcos Barbosa, que liderava a estrutura sediada em Guimarães há oito anos, resume  que «queremos assumir, por inteiro, que o Teatro Oficina é a companhia de teatro de Guimarães, com responsabilidade no desenvolvimento das artes performativas neste território».

A liderança artística de João Pedro Vaz adota um trabalho que pretende «unir os artistas de artes performativas, sejam amadores, estudantes, alunos das nossas oficinas, mas também fazer uma cartografia dos profissionais que nasceram ou viveram muito aqui».

Aquele projeto de cartografia, denominado “Gang de Guimarães” suporta uma residência artística que vai apoiar os Festivais de Gil Vicente, entre 29 de maio e 10 de junho, constituindo «uma bolsa de contactos para o futuro». Mas, mais que isso, ajuda a edificar o lugar de onde se vê sempre Guimarães, com todos os artistas de artes performativas – intérpretes, criativos, criadores e/ou dramaturgos. 

No sítio onde o teatro se vê e Guimarães se pode também refletir, através do desafio artístico, interessa igualmente ter festa, mesmo profana, sem esquecer os projetos desafiantes, colocando a fasquia mais elevada, num contributo para o desenvolvimento coletivo.

«Queremos também mais intensidade na componente formativa, mas criando e alargando sempre esta rede de parcerias, com os grupos de amadores, estudantes, alunos, instituições locais e programadores», ilustrou aquele responsável. 

Assim, o Teatro Oficina, treze grupos vimaranenses de teatro de amadores, alunos do terceiro ano de teatro da UMinho e alunos das oficinas de teatro da campanhia vão levar ao palco «uma integral» de Raul Brandão. Entre 8 e 12 de março, todas as peças de Raul Brandão serão levadas a cena por este coletivo.

O autor que viveu na Casa do Alto estará no centro da Festa de Teatro Raul Brandão, celebrando os seus 150 anos, culminando um processo «de pesquisa, de leitura e de conhecimento» do escritor.

Num ano em que se franqueiam as portas e se assume o localismo sem complexos, o Teatro Oficina ostenta que «só sendo uma companhia de teatro deste território nos vai fazer criar, de facto, projetos únicos».

«Os três grandes projetos que vão marcar o calendário da programação deste ano só poderiam ser feitos cá, em Guimarães», suportou João Pedro Vaz. 

Para além disto, o diretor artístico do Teatro Oficina quer edificar um projeto que seja capaz de «renovar o capital simbólico» da cidade e do concelho, trabalhando a partir do espólio fotográfico da Muralha – Associação de Guimarães para a Defesa do Património. Este ano, neste contexto, será apresentada a nova criação “Álbum de Família”, nos dias 10 e 11 de junho, na Casa da Memória.

A outra nova criação do Teatro Oficina intitula-se “Auto das Máscaras”, surgindo a partir da coleção de máscaras de José de Guimarães, inaugurando também um novo ciclo expositivo na Plataforma das Artes e Criatividade, entre 28 e 29 de outubro. 

Um diretor mais conhecido como ator

João Pedro Vaz tem 42 anos. O novo diretor artístico do Teatro Oficina foi, desde 2009, o responsável artístico das Comédias do Minho, companhia em Paredes de Coura e cujo trabalho se desenvolve em mais quatro concelhos do Alto Minho: Melgaço, Monção, Valença e Vila Nova de Cerveira. Dois anos depois, encenou a sua primeira criação, sendo como ator que a sua carreira é mais longa e reconhecida.

Desde 1994 trabalhou com algumas das principais estruturas do teatro nacional tendo ganho, entre outros prémios, uma menção especial nos prémios da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro, em 2015, pelas interpretações em “Um Inimigo do Povo” e “O Animador”.

 

Autor: Rui de Lemos