Malabares, roda alemã, manipulação de objetos e movimento e interpretação são as “cadeiras” que aqueles cinco novos artistas de circo vão ter de fazer, antes de subirem ao palco. Três deles são portadores de trissomia 21, os outros dois sofrem de algum atraso cognitivo, mas todos eles se mostram entusiasmados e empenhados para que no dia da verdade tudo corra pelo melhor. “Vai ser um espetáculo maravilhoso”, diz Nuno Filipe, de 36 anos, manifestado particular sedução pelos movimentos na roda alemã.
Utente da Associação Portuguesa de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental (APPACDM) de Famalicão, Nuno Filipe diz que se aguenta bem na roda e que quer “brilhar” no dia da estreia. Da mesma forma, Joaquim Freitas, utente da Associação Famalicense de Prevenção e Apoio à Deficiência, manifesta-se muito orgulhoso “por fazer parte do circo” e confessa que já aprendeu “muita coisa”. “Gosto muito dos malabares”, assegura, enquanto faz uma pequena pausa no treino de “troca de bolas” com outro colega.
A diretora artística da peça, Carolina Fernandes, explica que a trama se inspira numa história verídica, em que um grupo de exploradores se perde na Antártida e luta pela “salvação”. “Estão num espaço completamente deserto e sem quaisquer recursos, é uma história de resiliência e de sobrevivência, que é contada através de vários aparelhos de circo”, explica. Além dos cinco atores com deficiência, a peça “Ilha Elefante” conta ainda com a participação de dois profissionais.
Segundo Juliana Moura, da direção do INAC, este projeto de inclusão, denominado PANOMARA - Protagonizar Novos Riscos no Circo Contemporâneo, vai estender-se durante dois anos e decorre no âmbito da candidatura Partis & Art For Change, uma iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian e da Fundação la Caixa. Os participantes são utentes das seis instituições do concelho de Famalicão que trabalham com este público. “É um projeto muito desafiador mas ao mesmo tempo muito gratificante”, confessa Juliana Moura. A responsável aludiu aos “preconceitos que é ainda preciso quebrar” no caminho da inclusão, mas sublinhou que esse é um caminho que o INAC está a trilhar há cerca de quatro anos.
Autor: Redação/Lusa