Cerca de duas centenas de populares manifestou-se, este sábado, à porta da nova unidade de tratamento de resíduos da Resulima, em Paradela, Barcelos. A população de onze freguesias de três concelhos queixa-se das tormentas dos maus cheiros do aterro. Mas a empresa garante cumprir toda a legislação e estar a tomar medidas para solucionar os problemas.
A utarcas e centenas de populares de 11 freguesias dos concelhos da Póvoa de Varzim, Barcelos e Esposende, voltaram, este sábado, a concentrar-se em frente às instalações do aterro sanitário da Resulima, em Paradela, para protestar «contra o mau cheiro insuportável» produzido pela unidade de tratamento e valorização de resíduos. Unidos na indignação, os autarcas garantem que a população tem «muitas razões de queixa» e reclamam a resolução de todos os problemas. A empresa recebeu os manifestantes e as reclamações, assegurando estar a tomar medidas e a encontrar formas de compensar a comunidade pelos incómodos sentidos.
A unidade da Resulima em Paradela, no concelho de Barcelos, é a mais recente Central de Tratamento Mecânico e Biológico do país, mas desde que entrou em funcionamento, no início de 2022, não tem parado de gerar protestos e indignação. O aterro é gerido pela empresa Resulima, responsável pela recolha de resíduos nos municípios de Arcos de Valdevez, Barcelos, Esposende, Ponte da Barca, Ponte de Lima e Viana do Castelo. E o problema é que «não está a funcionar como deve ser», sentencia o presidente da Junta de Freguesia de Laúndos, Félix Marques, que vem liderando o movimento autárquico e cívico que contesta o funcionamento da estrutura.
«O que queremos é a nossa terra livre desta poluição. Não estamos contra a unidade, mas o que pretendemos é que ela funcione sem prejudicar o ambiente e a qualidade de vida dos cidadãos», disse o autarca aos jornalistas. As queixas dos populares das várias freguesias vizinhas voltaram a ser bem visíveis em cartazes e palavras de ordem, mas também em testemunhos que asseguram que «não se pode viver assim».
«Moro a cerca de um quilómetro daqui e o mau cheiro é horrível e entra dentro de casa», assegurou uma das manifestantes, em declarações à RTP, enquanto outra garantia que «não se consegue respirar e ardem os olhos».
Numa “operação de boa vizinhança”, a Resulima recebeu ao portão os manifestantes que decidiram expressar desagrado quanto à operação das instalações localizadas em Paradela. A ação de comunicação «deu a conhecer as medidas tomadas e em curso para minimizar os incómodos sentidos pela população», ilustram os responsáveis, em comunicado.
Ainda segundo a mesma fonte, aquela iniciativa «permitiu ouvir a população, receber reclamações, esclarecer as medidas que estão a ser implementadas, agendar reuniões e visitas e encontrar formas de compensar a comunidade pelos incómodos sentidos». Para o efeito, ontem esteve presente uma equipa preparada para dar todo o apoio e encaminhar os pedidos e reclamações à Administração da Resulima. «Estes pedidos e reclamações serão respondidos no prazo máximo de 15 dias», assegura a empresa.
No entanto, nas redes sociais, o autarca de Laúndos considera que a iniciativa não foi mais que «propaganda». «É lamentável terem aproveitado a manifestação para fazer esta ação de comunicação, chegando ao ponto de reconhecer em público (ao fim de um ano) que existe um grave problema ambiental e de dignidade humana», sentenciou Félix Marques, acrescentando que «num país organizado e civilizado não deveria ser necessário recorrer a estas mobilizações, nem denunciar à UE, nem à Justiça, para resolver problemas ao alcance das entidades competentes e da empresa gestora do aterro».
Autor: Rui de Lemos
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Publicado em 12 de fevereiro de 2023, às 16:17