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Plástico recolhido nas praias de Esposende "brilha" em calçado de verão

Plástico recolhido nas praias de Esposende "brilha" em calçado de verão
Fotografia

Publicado em 30 de abril de 2018, às 15:36

Cada par, sublinhe-se, “retirou” cerca de uma dezena de garrafas de plástico do litoral.

O plástico recolhido nas praias está a ser utilizado para a confeção de calçado de verão, num projeto de dois amigos minhotos que começou com o “sonho” de limpar o oceano, livrando-o de garrafas e restos de redes. Adriana Mano, uma das responsáveis do projeto “Zouri”, lembra que cada par de chinelos ou de sandálias incorpora entre 80 a 100 gramas de plástico. «Para que se perceba mais facilmente, estaremos a falar em cerca de oito ou dez garrafas», refere. Garrafas ou outro tipo de plástico, como restos de redes de pesca, que até aqui estavam a poluir as praias, mas que a partir de agora vão passar a figurar em calçado amigo do ambiente e também dos animais. No calçado Zouri não entra qualquer produto animal, sendo as matérias-primas todas naturais, desde a cortiça à borracha, passando pela juta e por um material feito de folhas de ananás. Adriana explica que tudo nasceu de um «sonho» que ela e o seu amigo António Barros foram acalentando, nas suas idas habituais à praia em Esposende, onde tinham como ritual a recolha de plásticos e a conversa sistemática sobre a problemática da poluição por eles causada. «Temos uma grande paixão pelo mar», confessa.
Começaram a pensar numa forma de estimular a remoção do plástico das praias e da sua reciclagem, utilizando-o na confeção de algum produto ambientalmente sustentável.
Como são ambos designers na área do calçado, a escolha foi quase inevitável.O passo seguinte foi «bater à porta» da Câmara de Esposende, para uma parceria ambiental.Em abril, aquela autarquia promoveu uma ação de limpeza das praias, tendo o plástico recolhido sido oferecido aos responsáveis do projeto Zouri. O plástico é depois triturado e fica pronto para “brilhar” no calçado Zouri.O objetivo passa por ir alargando aquela parceria a outras câmaras do litoral. Em termos técnicos, conta Adriana, a grande dificuldade do projeto foi encontrar a fórmula para incorporar nas sandálias e nos chinelos o plástico, já que este “não é, de todo, material para calçado”. Valeu, aqui, a ajuda da Universidade do Minho, que conseguiu “meter” o plástico nas solas do calçado.O resto ficou nas mãos de Henrique Dias e de outros artesãos de Guimarães, a quem cabe dar forma ao calçado Zouri.
«Foi um desafio novo para a nossa oficina», admite Henrique Dias, garantindo, no entanto, que vão conseguir dar conta do recado.
Aquela oficina já produziu chuteiras, entretanto especializou-se em calçado para grupos folclóricos e agora embarcou na filosofia da “slow fashion”, confecionando calçado amigo do ambiente.Calçado que, a partir de maio, já estará à venda. Cada par, sublinhe-se, “retirou” cerca de uma dezena de garrafas de plástico do litoral. Na embalagem do calçado, constará a referência à praia que “contribuiu” com o plástico.
Autor: Redação