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Onze freguesias de três concelhos juntas contra "fedor" de aterro em Barcelos

Onze freguesias de três concelhos juntas contra "fedor" de aterro em Barcelos
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Publicado em 10 de fevereiro de 2023, às 16:35

O aterro de Paradela, gerido pela Resulima, entrou em funcionamento desde o início de 2022.

População e autarcas de 11 freguesias de três concelhos vão manifestar-se, no sábado, contra o “fedor” que dizem emanar do aterro sanitário do Vale do Lima e Baixo Cávado, a funcionar há um ano em Paradela, em Barcelos.

O presidente da Junta de Freguesia de Laúndos, Félix Marques, que tem vindo a liderar a contestação, disse hoje à Lusa que o cheiro “é insuportável” e se faz sentir, sobretudo, ou de manhã ou à noite.

“É um cheiro insuportável, um fedor que não se aguenta”, referiu.

Segundo Félix Marques, na manifestação de sábado vão marcar presença autarcas e habitantes de Laúndos, Rates, Aguçadoura, Navais e Estela (Póvoa de Varzim, Porto), Apúlia e Fão (Esposende, Braga) e Cristelo, Barqueiros, Paradela e Vila Seca (Barcelos, Braga).

“São freguesias que estão à volta do aterro e que vão sofrendo, à vez, os efeitos dos maus cheiros, dependendo do lado para que sopra o vento”, explicou.

Félix Marques disse ainda que aos maus cheiros pode vir a juntar-se, no futuro, a contaminação dos solos e das águas por materiais pesados.

“O problema é que o aterro não está a funcionar como deve ser. Não é feita triagem, a ETAR [estação de tratamento de águas residuais] não está a funcionar, o lixo está amontoado a céu aberto na parte de trás”, referiu.

Garantiu que a luta "não vai parar" até que seja restituída às populações "a qualidade de vida perdida".

O aterro, que está localizado na freguesia barcelense de Paradela, é gerido pela empresa Resulima, responsável pela recolha de resíduos nos municípios de Arcos de Valdevez, Barcelos, Esposende, Ponte da Barca, Ponte de Lima e Viana do Castelo.

Entrou em funcionamento no início de 2022, mas, desde então, tem gerado a contestação dos habitantes das freguesias limítrofes.

Em janeiro deste ano, depois de uma segunda vistoria, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) anunciou que “estão reunidas as condições” para a emissão das licenças de exploração que ainda faltam para aquela estrutura.

O organismo ressalvava, no entanto, que a emissão das licenças devia incluir, como condições ou medidas, a criação de uma barreira cénica e a implantação de uma cortina arbórea no extremo sul da instalação, no prazo máximo de dois meses.

Outra condição é a apresentação, também no prazo de dois meses, dos resultados do “Estudo de avaliação de medidas adicionais de mitigação da emissão de odores”, com indicação detalhada do planeamento das novas medidas adicionais a implementar.

No mesmo mês, a Resulima garantiu que tem vindo a implementar “várias medidas operacionais” no sentido de otimizar o processo produtivo, com o “objetivo primeiro” de minimizar qualquer impacto nas populações vizinhas.

A Junta de Laúndos já recorreu às instâncias da União Europeia para denunciar que os fundos utilizados pela Resulima “prejudicam gravemente a qualidade de vida” das populações vizinhas.

Por sua vez, a Câmara da Póvoa de Varzim anunciou a interposição de uma ação judicial contra o Estado, por considerar que não existiu fiscalização suficiente ao aterro.


Autor: Agência Lusa