A revelação do interesse de investidores estrangeiros na produção do fumeiro de Vinhais foi revelada ontem ao Diário do Minho pelo presidente da câmara municipal.
«Sabemos que há uma procura crescente pelo fumeiro de Vinhais, que é, seguramente, o melhor do país. E o facto de a China começar a ser um importador destas verdadeiras iguarias gastronómicas abre uma grande margem para a comercialização do nosso fumeiro, que já motiva um forte interesse junto de investidores internacionais», disse o presidente Américo Pereira.
O autarca vinhaense, que falava à margem da apresentação da 37.ª edição da Feira do Fumeiro de Vinhais, sublinhou não ter dúvidas que, «a curto prazo, o fumeiro vai tornar-se na principal fonte de receitas da economia» do concelho.
A convicção é fundamentada no facto de o executivo a que preside ter recebido «vários pedidos para instalação de novas unidades de produção artesanais e industriais» de fumeiro.
«Este é um setor que vai registar um salto qualitativo e quantitativo enorme», vincou o efil, que apresentou a 37.ª Feira do Fumeiro de Vinhais como «uma montra de negócios de grande dimensão».
Américo Pereira salientou que «o forte crescimento» da procura mundial pela carne de porco, conjugado com o facto de Portugal «ser um grande importador» dessa carne é uma «garantia» de que vai haver margem de crescimento para o fumeiro artesanal, quer para o fumeiro industrial.
O preço da qualidade
O autarca de Vinhais assume que o fumeiro local «é um produto caro que não é para todas as bolsas», mas contrapõe que «é o preço justo para a qualidade que tem».
Na feira que decorre de 9 a 12 de fevereiro, o preço do salpicão de melhor qualidade vai chegar aos 40 euros por quilo, enquanto que o preço da chouriça fica nos 30 euros.
Os valores estão em linha com os preços do ano passado e apenas o butelo vai estar à venda por 20 euros o quilo, menos 5 euros que em 2016.
Certificação do porco bísaro garante fumeiro com qualidade de «excelência»
A 37.ª Feira do Fumeiro de Vinhais arranca na próxima quinta-feira, dia 9 de fevereiro, e até ao dia 12 vai possibilitar aos visitantes o acesso aos melhores produtos de fumeiro do país.
A ideia foi defendida ontem, em Braga, pela especialista que há 22 anos coordena a feira, que é «a maior realização» do concelho.
Carla Alves assegura que a feira «tem hoje muito mais qualidade que tinha quando começou». Não apenas porque mantém a fidelidade à secular produção artesanal, mas também porque recorre a uma matéria-prima de qualidade superior à que era usada na primeira edição.
«Hoje todo o fumeiro de Vinhais é feito do porco bísaro», disse a também presidente da Associação Nacional de Criadores de Suínos de Raça Bísara.
Os animais que originam o fumeiro, e que estavam em visas de extinção quando a feira começou, são agora mantidos sob um controlo de qualidade «muito apertado», por força da Denominação de Origem Protegida que lhes foi atribuída. São alimentados com a melhor castanha do país e os próprios produtores «fiscalizam-se uns aos outros.
O reconhecimento da qualidade dos produtos levam a que a vila de Vinhais seja literalmente invadida nos dias da feira, que este ano deixa de fora uma centena de produtores de fumeiro, por manifesta falta de espaço para tanta procura.
Autor: Joaquim Martins Fernandes