O presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima, Vasco Ferraz, considera que as medidas anunciadas pelo Governo de apoio à habitação são “muito pobres e curtas para responder às reais necessidades” dos territórios de baixa densidade.Em declarações à Lusa, o autarca criticou o Governo por “ter uma perspetiva macro, aplicada às grandes cidades, e nunca uma perspetiva dirigida aos territórios de baixa densidade, como é o caso de Ponte de Lima”.
O presidente contestou a proibição de emissão de novas licenças de alojamento local. Em causa, indica uma “limitação enorme” das oportunidades que os territórios de baixa densidade começam a ter com o turismo, “uma fonte de riqueza crescente”. Para o autarca, vai-se “esgotar a capacidade para os turistas que também representam uma grande dinâmica para as economias locais”. “O Estado tem é de dar incentivos e não condicionar o privado a investir num setor que é deficitário”, afirmou.
Vasco Ferraz defendeu um melhor uso dos fundos comunitários, concretamente do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). “O Estado deve pegar no dinheiro e aplicá-lo diretamente na economia, seja através do setor privado, quer do público para criar alojamento suficiente para suprir as necessidades”.
“As Câmaras têm muito património devoluto que não recuperam porque não têm capacidade financeira. Se tivessem, construiriam e depois venderiam a custos acessíveis”, declarou. Explicou que, desse modo, “em vez de se vender uma fração em edifícios multifamiliares por 200 mil euros, venderiam por 100 mil euros, dando oportunidade aos jovens ou a pessoas que queiram fixar-se em territórios como o nosso”.
O presidente do município abordou ainda a questão do aumento da taxa de natalidade, que acredita não ser resolvida com as medidas do Governo. “Se não ajudarem as pessoas na redução dos custos mensais com a habitação, nunca mais aumentamos a natalidade”, salientou.
Autor: Redação/Lusa