Um homem terá ontem de manhã assassinado com «uma arma branca» quatro pessoas, uma das quais grávida de sete meses, em Tamel S. Veríssimo, deixando a freguesia em choque, revelou fonte da GNR.
O crime ocorreu na Travessa de S. Sebastião e, segundo algumas das versões que circulavam entre a população, tratou-se de uma vingança pelo facto das vítimas não quererem testemunhar a favor do alegado homicida num julgamento em que foi acusado e condenado por violência doméstica.
Numa declaração aos jornalistas, sem direito a perguntas, o Comandante do Destacamento de Barcelos da GNR começou por explicar que o alerta foi dado pelas 11h00 pelo CODU para uma situação de três vítimas por esfaqueamento. «As patrulhas deslocaram-se para o local, verificaram três cadáveres numa primeira fase e, depois, verificou-se um quarto cadáver junto a uma residência», disse.
Ainda segundo o militar, esta última era uma mulher de 37 anos que estava grávida no sétimo mês de gestação. «As outras vítimas são um casal na casa dos 80 anos, sendo que um deles tem 84 anos a outra aproximadamente 80. A quarta vítima tem cerca de 60 anos», acrescentou.
O capitão Adelino Silva explicou também que, após encontrar as vítimas mortais, a GNR identificou o alegado autor do crime, que terá confessado os quatro homicídios que «foram praticados com a utilização de arma branca através de ataque à zona do pescoço». O Comandante do Destacamento de Barcelos da GNR concluiu a intervenção dizendo que as diligências foram entregues à Polícia Judiciária, cabendo-lhe agora a investigação.
Entre as muitas pessoas que foram ao local, o presidente da Junta de Tamel S. Veríssimo contou que o alegado homicida, Adelino Briote, com cerca de 60 anos, morou nesta freguesia com a família e, há cerca de dois anos foi detido por violência doméstica. Nos últimos tempos, disse ainda o autarca, ele terá sido visto nesta freguesia e, tudo leva a crer que a ação de ontem terá sido um ato de vingança, uma vez que as quatro pessoas mortas tinham recusado testemunhar a favor do agressor.
Um familiar do casal assassinado, aos jornalistas, contou que, depois de passar no local do crime, viu que os primos terão sido feridos de morte dentro de casa, a mulher de cerca de 60 anos na via pública e a mulher grávida dentro da sua casa. José Pereira terá mesmo falado com o alegado homicida pouco depois do crime. «Ele estava descontraído, como se nada fosse. Foi ele quem pediu para chamar a polícia», disse.
Depois de passar a manhã no local do crime com as autoridades policiais, onde terá recriado os passos que deu, o suspeito pelo homicídio saiu cerca das 15h50 acompanhado pela Polícia Judiciária em direção às instalações da PJ em Braga.
O suspeito foi, entretanto, indiciado por quatro crimes de homicídio qualificado e de um crime de aborto, disse à Lusa fonte da Polícia Judiciária.
«Neste caso, como a gravidez era visível, além de que o alegado agressor era vizinho da vítima e como tal saberia perfeitamente do seu estado, penso que em causa estarão um crime de homicídio e um crime de aborto», referiu a fonte da PJ.
Segundo a fonte, o suspeito será ouvido na manhã de hoje no Tribunal de Braga para primeiro interrogatório judicial e aplicação das respetivas medidas de coação.
As vítimas mortais foram retiradas do local e transportada para o Instituto de Medicina Legal de Braga.
Autor: José Carlos Ferreira/ Foto: António Silva