"Ainda hoje contactei a APA. Estamos a fazer a monitorização e acompanhamento do impacto da força do mar nos ‘geotubes'. Atendendo as condições climatéricas que se têm feito sentir nos últimos tempos, a situação até é de alguma normalidade", disse hoje o presidente da Câmara de Caminha, contactado pela agência Lusa.
Em causa está uma "tecnologia pioneira" utilizada em 2014, numa intervenção integrada no Plano de Ação de Valorização e Proteção do Litoral 2012-2015, que usa areia e água do mar para resolver os problemas de erosão, recorrendo à colocação de ‘geotubes’, neste caso 11 módulos, cada um contendo 500 metros cúbicos de areia retirada do próprio mar e acomodada numa tela, para proteger o cordão dunar.
"Os ‘geotubes’ nunca tinham ficado tão visíveis. No pior dos cenários os ‘geotubes' poderão romper, mas se romperem a areia permanece na praia", explicou.
A zona balnear de Moledo é uma das mais procuradas do norte do país.
A obra de recomposição do cordão dunar na praia de Moledo ficou concluída em agosto de 2014, num investimento superior a 384 mil euros. Estava definida como "urgente" desde 2011, quando o mar ameaçou várias casas próximas da linha de costa.
A recuperação da duna, então classificada como "duradoura", envolveu métodos inovadores para "mitigar o impacto paisagístico".
Em 2011, a redução do cordão dunar ocorreu praticamente em frente ao forte da Ínsua, quando o mar chegou a ameaçar um moinho convertido em habitação. A água esteve também perto de outras habitações, além de ter destruído um guarda-corpos do paredão em cerca de trinta metros.
A intervenção de recuperação traçada pelo especialista em defesa costeira Veloso Gomes incluiu o "tamponamento do topo da estrutura da defesa", com a colocação de betão ciclópico na extremidade norte da estrutura aderente construída nos anos 40 do século XX.
Foi realizada, ainda, a reconstituição da duna, "dotando-a de um núcleo artificial resistente", uma ação descrita como "inovadora" e que consistiu na "colocação de tubos de geotêxtil de grande dimensão", entre os três e os sete metros, de cor amarela ou ocre, preenchidos com areia e capazes de reter o material sedimentar.
A intervenção incluiu ainda a deposição de areia entre a zona entre marés e o cordão dunar, reconstituindo "um perfil próximo do anteriormente existente".
A passagem da depressão Elsa, em deslocação de norte para sul, provocou em Portugal dois mortos, um desaparecido e deixou perto de 80 pessoas desalojadas, registando-se entre quarta-feira e as 12:00 de hoje cerca de 7.000 ocorrências, na sua maioria inundações e quedas de árvore.
Num balanço feito ao início da tarde, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) referiu que os distritos mais afetados são Porto, Viseu, Aveiro, Coimbra, Braga e Lisboa.
Segundo a Proteção Civil, até às 20:00 deverá verificar-se um agravamento do estado do tempo, sendo depois expectável que a situação comece a estabilizar.
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) tem hoje sob aviso laranja (o segundo mais grave) 12 distritos de Portugal continental e a costa norte da Madeira devido sobretudo à agitação marítima. Leiria, Santarém e Portalegre estão sob aviso laranja também devido às previsões de precipitação forte durante a tarde.
O IPMA alertou para os efeitos de uma nova depressão, denominada Fabien, que atingirá Portugal no sábado, em especial o Norte e o Centro, estando previstos intensos períodos de chuva e vento forte de sudoeste, com rajadas que podem atingir 90 km/hora no litoral norte e centro e 120 km/hora nas terras altas.
Autor: Lusa