Aorelheira e o fumeiro voltam a ser os reis da festa carnavalesca em Cabeceiras de Basto. Ao longo deste fim de semana, a XXV Festa da Orelheira e do Fumeiro espera a visita de cerca de 80 mil pessoas, capazes de esgotar um stock de 20 toneladas de derivados de porco e gerar um assinalável negócio para os produtores e comércio local.
O evento volta a reunir no Pavilhão Gimnodesportivo de Refojos um conjunto de 25 produtores de fumeiro, a que se juntam expositores de artesanato e produtos locais como vinhos, queijos, mel, azeite, compotas e licores, num total de 73 expositores. Mas este ano, o certame está organizado em duas áreas distintas, oferecendo, a par da exposição e venda de produtos, uma nova tenda gigante com tasquinhas para degustação e um palco com permanente animação musical.
«Este evento pretende dar a conhecer e valorizar a qualidade e autenticidade dos nossos produtos derivados de porco. Celebrar estes 25 anos é lembrar protagonistas e trabalho consolidado, que fizeram deste certame uma marca não só nas terras de Basto, mas também no Minho», enalteceu o presidente do Município, Francisco Alves, ontem na sessão inaugural, presidida pela ministra da Agricultura e Alimentação.
Considerando que o certame se afirma como «uma marca de grande sucesso na região», o autarca destacou as novidades introduzidas este ano, «aliando a tradição à modernidade», com demonstrações de “showcooking” pelos alunos do curso técnico de restauração da Escola Profissional Agrícola Silva Nunes, nova organização do espaço, a nova tenda gigante, as tasquinhas, mas também o folclore, os cantares ao desafio, jogo do pau e o tradicional leilão da orelheira, no domingo.
Apesar das novidades introduzidas, «o fumeiro tradicional é um elemento identitário deste povo das terras de Basto, um produto gastronómico de qualidade e revelador dos saberes e dos sabores mais típicos. Queremos continuar a valorizar o porco bísaro e o desenvolvimento local, através da melhoria das condições da economia familiar, pois este é um recurso que serve de complemento de rendimento a muitas famílias e, por isso, assume-se muito importante», sublinhou Francisco Alves.
Depois de uma visita ao certame, a ministra da Agricultura e da Alimentação deixou também, ontem, uma saudação especial «aos homens e mulheres que todos os dias continuam a fazer daquilo que são as nodssas tradições o seu modo de vida, garantindo o desenvolvimento económico e social deste território», apesar das deficuldades causadas pelo aumento de custos dos fatores de produção. Elogiando também «os produtos magníficos» presentes no certame, Maria do Céu Antunes felicitou os 25 anos da feira que iniciou na região a multiplicação de eventos que «valorizam tanto os nossos produtos agrícolas, que são tradição, mas que também querem ser futuro nestes territórios», apontou.
De igual modo, o presidente da Assembleia Municipal, Joaquim Barreto, saudou a gente do concelho «que mantém vivos os usos, costumes e tradições» ligadas à riqueza do mundo rural de um território onde predominam as raças autóctones, com oferta de produtos muito diversificados. «Seremos no país o concelho que tem mais raças autóctones e Cabeceiras de Basto deveria ter um Centro de Investigação, Interpretação, Valorização e Promoção das Raças Autóctones», defendeu Joaquim Barreto.
Autor: Rui de Lemos