Trinta bois das raças minhota e barrosa vão desfilar pelas principais artérias de Arcos de Valdevez numa tradição pascal com mais de sete décadas que, em 2017, passou a integrar duas dezenas de vacas de raça cachena.
"O desfile abre com 10 pares de vacas de raça cangadas à moda antiga, acompanhadas por mais de 500 figurantes, também vestidos à moda antiga, com os trajes regionais", explicou hoje à Lusa o vereador da Cultura, Olegário Gonçalves.
Típica do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), a carne de vaca cachena tem Denominação de Origem Protegida desde 2002. A vaca cachena da Peneda é a mais pequena raça bovina portuguesa e uma das mais pequenas do mundo. O animal atinge uma altura máxima de 110 centímetros e sobrevive ao frio nas serras da Peneda, Soajo e Amarela, no PNPG (Norte de Portugal).
A tradição do desfile dos bois da Páscoa, com início às 15:00, "nasceu há mais de sete décadas por iniciativa dos proprietários de talhos estabelecidos na sede de concelho, para darem a conhecer os bovinos que seriam abatidos por alturas da Páscoa".
Além das 20 vacas de raça cachena integram o cortejo 30 bois, "os melhores exemplares da raça minhota e barrosa, propriedade dos talhos aderentes, que apresentam os corpulentos e bem enfeitados animais, cangados à moda antiga".
"Manda a tradição que os animais que desfilam, comprados pelos talhos do concelho, sejam abatidos antes da Páscoa para que a sua carne seja consumida durante os festejos da época Pascal", explicou.
O desfile dos bois da Páscoa atrai, todos os anos, "milhares de pessoas" que se distribuem pela principal artéria daquela vila do Alto Minho.
A iniciativa é organizada pela Associação Comercial e Industrial de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca (ACIAB), em parceria com a Câmara Municipal de Arcos de Valdevez e vários talhos e produtores do concelho.
O programa inclui ainda "animação com as rusgas, a tradicional roda da concertina e no fim, raça cachena, assada no espeto para todos quantos querem degustar esta carne", frisou o responsável.
Em fevereiro, a Câmara de Arcos de Valdevez, em parceria com várias entidades ligadas à produção e certificação daquela carne, anunciou a constituição, num prazo estimado em três meses, da Real Confraria Gastronómica da Carne Cachena para "preservar e valorizar" aquele produto típico.
A sua carne distingue-se por ser suculenta, tenra, de cor rósea clara, com uma consistência firme, ligeiramente húmida e com pouca gordura intramuscular.
A garantia da qualidade da carne da cachena é sujeita a um sistema de controlo e certificação desde o produtor até ao consumidor final.
A raça é explorada em regime extensivo, por vezes quase semisselvagem.
Autor: Lusa