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Bois desfilam pelas ruas de Arcos de Valdevez em tradição com mais de 70 anos

Bois desfilam pelas ruas de Arcos de Valdevez em tradição com mais de 70 anos
Fotografia

Publicado em 14 de março de 2018, às 17:02

Os animais que participam domingo no desfile são exibidos numa exposição, a partir das 10:30, no parque da Ponte Nova.

Trinta bois das raças minhota e barrosa vão desfilar pelas principais artérias de Arcos de Valdevez numa tradição pascal com mais de sete décadas que, em 2017, passou a integrar duas dezenas de vacas de raça cachena.

"O desfile abre com 10 pares de vacas de raça cangadas à moda antiga, acompanhadas por mais de 500 figurantes, também vestidos à moda antiga, com os trajes regionais", explicou hoje à Lusa o vereador da Cultura, Olegário Gonçalves.

Típica do Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG), a carne de vaca cachena tem Denominação de Origem Protegida desde 2002. A vaca cachena da Peneda é a mais pequena raça bovina portuguesa e uma das mais pequenas do mundo. O animal atinge uma altura máxima de 110 centímetros e sobrevive ao frio nas serras da Peneda, Soajo e Amarela, no PNPG (Norte de Portugal).

A tradição do desfile dos bois da Páscoa, com início às 15:00, "nasceu há mais de sete décadas por iniciativa dos proprietários de talhos estabelecidos na sede de concelho, para darem a conhecer os bovinos que seriam abatidos por alturas da Páscoa".

Além das 20 vacas de raça cachena integram o cortejo 30 bois, "os melhores exemplares da raça minhota e barrosa, propriedade dos talhos aderentes, que apresentam os corpulentos e bem enfeitados animais, cangados à moda antiga".

"Manda a tradição que os animais que desfilam, comprados pelos talhos do concelho, sejam abatidos antes da Páscoa para que a sua carne seja consumida durante os festejos da época Pascal", explicou.

O desfile dos bois da Páscoa atrai, todos os anos, "milhares de pessoas" que se distribuem pela principal artéria daquela vila do Alto Minho.

A iniciativa é organizada pela Associação Comercial e Industrial de Arcos de Valdevez e Ponte da Barca (ACIAB), em parceria com a Câmara Municipal de Arcos de Valdevez e vários talhos e produtores do concelho.

O programa inclui ainda "animação com as rusgas, a tradicional roda da concertina e no fim, raça cachena, assada no espeto para todos quantos querem degustar esta carne", frisou o responsável.

Em fevereiro, a Câmara de Arcos de Valdevez, em parceria com várias entidades ligadas à produção e certificação daquela carne, anunciou a constituição, num prazo estimado em três meses, da Real Confraria Gastronómica da Carne Cachena para "preservar e valorizar" aquele produto típico.

A sua carne distingue-se por ser suculenta, tenra, de cor rósea clara, com uma consistência firme, ligeiramente húmida e com pouca gordura intramuscular.

A garantia da qualidade da carne da cachena é sujeita a um sistema de controlo e certificação desde o produtor até ao consumidor final.

A raça é explorada em regime extensivo, por vezes quase semisselvagem.


Autor: Lusa