«Dos montantes entregues pelo senhor Dias [empresário queixoso], foi tudo consumido em despesas judiciárias e adiantamentos de honorários», referiu a arguida, no Tribunal de Braga, no início do julgamento, em que responde por burla qualificada, abuso de confiança e falsificação de documentoEma Magalhães dos Santos admitiu que tem «contas a acertar» com um tio do queixoso, relativas a três cheques no valor total de 150 mil euros. O queixoso, um empresário da restauração, disse que, no total, entregou mais de 180 mil euros à advogada. Explicou que, por não ter dinheiro, pediu ajuda a um tio, que providenciou os 150 mil euros. Nos primeiros contactos com a advogada, esta ter-lhe-á pedido 17500 euros para uma alegada perícia a uns documentos alegadamente falsificados.
«[A arguida] disse-me que a perícia custava 20 mil euros mas, como eu apenas tinha 17.500, que me emprestava o resto», contou o queixoso.A arguida não assumiu o recebimento desta quantia. «Pelas quantias que recebi, passei o respetivo recibo», afirmou. O queixoso acrescentou que a advogada foi-lhe sempre pedindo novas quantias para tratar dos processos, designadamente 50 mil euros para uma caução e mais 100 mil euros para reforçar a mesma caução. Caução que, adiantou o empresário, nunca foi prestada, tendo o dinheiro ido parar à conta pessoal da advogada.
«Estava sempre a pedir-me dinheiro, dizia que eu estava em risco de perder todo o meu património e eu, na minha boa-fé, fui dando. Enrolou-me quanto pôde, dizia que metia processos e não metia, que pagava dívidas às Finanças e não pagava, fiquei com a vida arruinada», referiu.Em 2016, Ema Santos foi julgada, também no Tribunal de Braga, por burla a um casal de Barcelos, no valor de 238 mil euros. Antes da leitura do acórdão, a arguida pagou a dívida e o casal desistiu da queixa, pelo que o tribunal declarou extinta a responsabilidade criminal da arguida. O Ministério Público tinha pedido cinco anos de prisão, com pena suspensa, e a juíza presidente do coletivo lembrou que foi dado como provado que a arguida praticou o crime de burla e que "incorria numa pena bastante elevada, obrigatoriamente de prisão, que poderia ser suspensa ou não". Esse processo fez “soar os alarmes” junto do empresário queixoso no caso que hoje começou a ser julgado, que desistiu dos serviços de Ema Santos e procurou outro advogado. «Nunca mais lá fui [ao escritório de Ema Santos] , não gosto de criar confusões, quando a comida não serve põe-se na beira do prato», afirmou o empresário.
Autor: Redação