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Vinhos Verdes lançam agenda para promover a inovação no setor

Vinhos Verdes lançam agenda para promover a inovação no setor
Fotografia DM

Luísa Teresa Ribeiro

Chefe de Redação

Publicado em 03 de fevereiro de 2025, às 22:30

Documento estratégico incentiva a articulação com centros de investigação.

A Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) apresentou, no Porto, a Agenda de Investigação, Desenvolvimento e Inovação, um documento com objetivos até 2030, que visa assegurar a competitividade do setor.

A primeira edição da iniciativa “Vinhos Verdes Insights” decorreu na Porto Business School, no doa 30 de janeiro, colocando a tónica na importância da união e do trabalho em rede entre todos os agentes do setor, a academia e os centros de investigação, de forma a enfrentar os desafios atuais, desde as alterações climáticas até às crescentes exigências de adaptação dos mercados internacionais.

Falando no início da conferência, a presidente da CVRRV, Dora Simões, afirmou que «as exportações continuam a apresentar uma tendência positiva, de dois dígitos – 31% em volume e 25% em valor neste ultimo ano», admitindo que «não se prevê que este quadro permaneça por muito tempo, apesar de os vinhos brancos estarem com maior procura que os tintos e apesar de os vinhos da região terem na sua maioria menos volume de álcool que os demais».

Para fazer face às «alterações drásticas no setor e no mercado mundial aos mais variados níveis», a região quer «estabelecer pontes de colaboração entre quem precisa de inovar e quem pode oferecer esses serviços». «Necessitamos cada vez mais de incorporar conhecimento produzido através da ciência, adoptando novas tecnologias e intensificando investigação aplicada sobre as nossas castas e as caraterísticas diferenciadoras dos nossos vinhos», disse.

Perante um auditório cheio, defendeu que é preciso «partilhar o conhecimento obtido, adequando a comunicação dos resultados a um formato eficaz e de fácil utilização por parte dos produtores da região».

«Não podemos esquecer de agir na área da educação e da formação, levando a que as novas tecnologias sejam mais facilmente integradas nos nas escolas técnicas, nos espaços agrícolas, nas adegas e nas empresas, por forma a acelerar e incrementar a adoção das mesmas por parte de todos os intervenientes», advogou.

Esta responsável considera que «toda a cadeia de valor deve estar integrada na Agenda de I&D e ser objeto de estudo, englobando a viticultura, a enologia, o marketing, o enoturismo, a gestão, a logística, o packaging e a distribuição, para que se vá ao encontro das oportunidades de mercado com estilos de vinhos diferenciados e adequados a diferentes nichos, sendo sempre fundamental que se incremente a qualidade dos vinhos e que se remunere melhor todos os que investem e que trabalham num negócio de viticultura e de produção de vinho».

O objetivo é «afirmar a região através de dois estilos de Vinhos Verdes que estão cada vez mais presentes nos portfólios da maioria dos produtores da região – um estilo clássico com caraterísticas mais leves e “pétillance” e outro estilo tranquilo e com aptidão a estágio e que nos permite competir numa categoria mais elevada com os grandes vinhos brancos do mundo», adiantou.

 

Inovar sem perder a autenticidade

A Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) espera que inovação tenha lugar, mas «sem perder de vista o respeito pela tradição e autenticidade» que diferenciam estes vinhos a nível mundial, segundo a Agenda de Investigação, Desenvolvimento e Inovação.

O diretor de Sustentabilidade, I&D Inovação e Academia dos Vinhos Verde, Alexander Cornejo Pino, explicou que este documento teve por base um Inquérito de Investigação, Desenvolvimento e Inovação realizado ao setor em 2024.

Esses dados revelam que 84% das empresas planeiam investir em equipamentos, tecnologias ou inovação a curto ou médio prazo, embora 64% dos inquiridos identifiquem a insuficiência de recursos e dificuldades de acesso a financiamento como obstáculos significativos.

Com um âmbito temporal até 2030, o documento foca-se em seis linhas estratégicas: Valorização e Diferenciação, Inovação e Tradição, Diversificação e Expansão de Mercado, Sustentabilidade e Resiliência, Excelência Operacional e Liderança, e Gestão e Promoção Institucional.

Estas linhas abrangem as áreas da Vitivinicultura, Enologia/Transformação, Mercado, Marketing, Enoturismo e Sustentabilidade,«todas interconectadas através de uma cooperação estratégica baseada na investigação e inovação».

 

Região tem de aumentar geração de valor

O presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, António Cunha, considera que a região tem de aumentar a geração de valor.

Este responsável argumenta que a inovação é «a palavra-chave» para o futuro do setor dos vinhos e da região Norte.

O antigo reitor da Universidade do Minho adianta que estão a ser lançados vários programas de apoio ao sistema regional de inovação.

Estão abertas as candidaturas para apoios a infraestruturas tecnológicas, já tendo sido manifestado o interesse na criação de um centro ligado ao vinho e ao vinho no Douro e de outro ao setor Agro no Alto Minho.

A conferência ficou também marcada por diversos apelos à desburocratização, de forma a evitar a perda constante de tempo e de energia.