O carpinteiro Carlos Plácido, de Viana do Castelo, cumpriu na semana passada um sonho que tinha. O homem de 51 anos foi a uma consulta de rotina na sequência de um transplante pulmonar em Lisboa de bicicleta.
Carlos Plácido acabou por reunir um grupo com mais 12 ciclistas, que saiu de Viana do Castelo até ao Hospital de Santa Marta, e percorreu cerca de 500 quilómetros em três dias e meio, e chegou a tempo da consulta na última sexta-feira.
Plácido recebeu em 2012 o diagnóstico de esclerose sistémica, uma doença que causava muitas dores por todo o corpo e falta de ar.
“Num dia doíam-me os ossos, na semana a seguir já eram as costas. Passado algum tempo eram as pontas dos dedos — devido ao frio — e tinha de utilizar luvas para ser mais suportável. Chegou uma altura em que eram os pulmões que já não eram capazes de se expandir e por isso faziam uma grande pressão que quase me impedia de respirar”, disse o carpinteiro à NiT.
Alguns anos depois do diagnóstico entrou na lista de espera, e oito meses depois realizou a cirurgia no único hospital do país que faz o procedimento.
A relação com a bicicleta veio depois da cirurgia. Os médicos aconselharam o exercício físico após o transplante para estimular os novos pulmões a trabalhar.
Carlos comprou uma bicicleta eléctrica, para ter em conta as limitações, e começou a fazer alguns percursos com amigos.
A vontade de ir a uma consulta de bicicleta surgiu depois de um sonho que teve, em que ia realizar o caminho até o hospital Santa Marta desta forma.
Começou a treinar e partiu no dia 3 de junho ao lado de mais 12 amigos, um deles com 78 anos e que tinha ultrapassado um problema oncológico, e também Rui Sousa, ex-ciclista que acabou por ser o padrinho da jornada.
O carpinteiro contou ainda que o grupo não gastou dinheiro nenhum, pois os restaurantes ofereceram refeições ao longo do caminho, os alojamentos vieram de patrocínios, assim como os fatos, e as câmaras e a Associação de Transplantados ajudaram na logística.
Na chegada a Lisboa, a PSP realizou uma escolta com duas motos até ao hospital, onde foram recebidos sob aplausos e lágrimas.