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Feira dos Vinte de Prado alarga programa a três dias e introduz Festival do Garrano

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Fotografia

Jorge Oliveira

Jornalista

Publicado em 12 de janeiro de 2024, às 17:17

Noite das Provas conta com a presença de um Chef que falará sobre papas de sarrabulho

Um festival dedicado à raça cavalar garrana é a grande novidade da Feira dos Vinte da vila de Prado que este ano decorrerá durante três dias, de 19 a 21 de janeiro, com uma aposta forte na Noite das Provas e em espetáculos equestres e animação musical.

«É uma felicidade o dia 20 calhar ao sábado e, assim, podermos estender o programa a todo o fim se semana, mas também é uma grande responsabilidade», disse, hoje, na apresentação o presidente da Junta de Freguesia da Vila de Prado.

Afirmando que este programa «vai satisfazer e honrar a tradição da feira dos vinte», Albano Bastos agradeceu o apoio do Município de Vila Verde, reconhecendo que a câmara é o principal parceiro deste evento de Prado, realizado desde o século XIV no dia da festa de S. Sebastião. 

A presidente da Câmara de Vila Verde, que esteve presente na sessão, na Biblioteca de Prado, elogiou a Junta de Freguesia pela preparação de um programa  que «honra a tradição secular da Feira dos Vinte».

Júlia Fernandes congratulou a autarquia pradense por recriar a feira de forma «fiel», este ano com um programa de três dias, e destacou o papel da Confraria Gastronómica pelo «excelente trabalho» que faz na promoção e divulgação das Provas da Feria dos Vinte, contribuindo, assim, para a atração de visitantes e a dinamização económica da vila de Prado e da região envolvente.

A presidente da Câmara falou também da própria feira franca, que soube adaptar-se à modernidade sem perder a sua importância que vem desde o século XIV.

«Mantém essa importância, quer com as exposições, quer com a feira, quer com o desfile dos animais, quer com os concursos, quer com o picadeiro. O grande destaque vai para toda esta dinâmica à volta da tradição dos animais e da importância que eles tinham ao longo de todos estes séculos», disse.

Júlia Fernandes enalteceu ainda o envolvimento das instituições locais e o trabalho em rede, em parceria, com a Junta de Freguesia, o qual permitiu, disse, revitalizar uma feira franca que «ia definhando» e  «estava a ficar sem o brilho que de facto merece ter como primeira grande festa do ano».

A Feira dos Vinte, conhecida também como Feira dos Burros e Feira das Trocas, começa na véspera do dia de S. Sebastião (20 de janeiro) com a Noite das Provas numa tenda gigante no largo de S. Sebastião, onde quatro restaurantes e três associações vão providenciar as refeições (papas de sarrabulho, rojões, arroz de feijão, etc.).

A Tenda Gastronómica abre às 20h00 e contará com a presença do Chef Agostinho Martins que dará uma palestra sobre as papas de sarrabulho.

A entrada no evento é gratuita. 

O juiz-presidente da Confraria Gastronómica das Provas da Feira dos Vinte adiantou que será disponibilizado um kit para as prova das papas à moda dos vinte e de vinhos expostos para degustação.

«É composto por tigela, copo, colher, guardanapo, e estará à venda por 5 euros», adiantou Joaquim Serafim.  

Pelas 21h00 abrirá o picadeiro com a atuação de uma fadista pradense, ao que se segue desgarradas e cantares ao desafio na Tenda Gastronómica. A animação musical continua numa tenda paralela, denominada Praça da Juventude.

Dia principal é o mais preenchido

No dia 20, dia litúrgico de S. Sebastião, a feira do gado abre às 7h00 com a exposição de raças autóctones e exposição de máquinas agrícolas. Entre as 9h30 e as 11h00 decorrerá o concurso pecuário das raças barrosã e minhota, no picadeiro.

Pelas 11h15, depois da missa em honra de S. Sebastião, na capela da Senhora do Bom Sucesso, realiza-se o desfile do gado dos “Vinte”, no Largo de S. Sebastião, com incorporação do andor do santo. No final, decore a bênção dos animais, num ato presidido pelo pároco de Prado, e entrega dos prémios pecuários.

De tarde, a partir das 14h30, decorrerá, no picadeiro, o primeiro Festival do Garrano, onde serão apresentadas as potencialidade e aptidões desta raça cavalar, numa organização da Associação de Criadores de Equinos da Raça Garrana. Haverá ainda um momento para o batismo a cavalo e uma mostra de passo travado, na rua Costa Faria, bem como passeios de charrete gratuitas pelas ruas da vila.

Entre as 18h00 e as 19h00 decorrerá uma gala equestre com cavalos de Miguel da Fonseca, no picadeiro, e às 22h00, na Tenda Gastronómica, realiza-se um encontro de Reis com a participação de cinco grupos. A animação continua na tenda ao lado até às 2h00.

No domingo, dia 21, continua a feira tradicional no Largo de S. Sebastião, a qual receberá pela primeira vez uma exposição de animais das raças cachena e minhota, bem como de galinhas.

Às 10h00 começa a “Caminhada dos Vinte - S. Sebastião”, uma iniciativa do grupo Vila de Prado a Correr. Às 15h00, no picadeiro, haverá mais uma gala equestre, ao que se seguirá um festival folclórico, na Tenda Gastronómica, com dois os ranchos folclóricos da vila de Prado.

Das 9h00 às 18h00 estará patente, na Biblioteca de Prado a exposição “A Feira dos Vinte”, organizada com o apoio do Agrupamento de Escolas de Prado e Casa do Povo da vila de Prado.

Uma feira com história e tradição

O vereador da Câmara de Vila Verde Patrício Araújo apresentou e explicou o contexto histórico desta feira franca que surgiu no século XIV ligada ao culto de S. Sebastião. Julga-se que esta feira deriva da que D. Dinis estabeleceu em Prado em 1307. 

Segundo Patrício Araújo, a feira franca de Prado ganhou impulso durante a primeira vaga da peste negra em Portugal, em 1353, com os devotos de S. Sebastião a procurarem proteção do Santo. 

A sua importância derivou do facto também de ser a primeira do calendário e onde se estabeleciam os preços do gado para o resto do ano. Muitos mercadores chegavam a Prado no dia de véspera e nessa noite degustavam papas de sarrabulho, rojões e vinhos nas estalagens e casas de pasto. Surge assim a tradição da “Noite das Provas”, que se mantém até hoje. Esta feira é conhecida também como a “feira dos burros” e “feira das trocas”, onde os animais eram presos com cordas a sobreiros, no Largo de S. Sebastião. Daí deriva a brincadeira de ainda hoje de se dizer, entre amigos: “já guardei um sobreiro para te trocar”.