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Investimento de 13 mil milhões impulsiona cooperação territorial transfronteiriça

Investimento de 13 mil milhões impulsiona cooperação territorial transfronteiriça
Fotografia DM

Luísa Teresa Ribeiro

Chefe de Redação

Publicado em 30 de outubro de 2023, às 09:37

Interreg promove transição verde, melhoria das competências e preparação do alargamento da UE.

A comissária europeia da Coesão e Reformas, Elisa Ferreira, anunciou que o programa Interreg vai levar para o terreno um investimento de quase 13 mil milhões de euros para o estímulo à cooperação territorial, impulsionando a transição verde, a melhoria das competências da população e a preparação para o alargamento da União Europeia.

Falando no evento anual do Interreg, que decorreu em Santiago de Compostela, na Galiza, a responsável europeia destacou que o quadro financeiro 2021-27 já está em andamento, com vários programas a abrirem candidaturas para o financiamento de projetos. «Temos agora uma família de 86 programas que proporcionam no terreno quase 13 mil milhões de euros de investimento em toda a Europa e para além das suas fronteiras. Estes programas permitem que mais de 2 milhões de pessoas, mais de 40 mil organizações e 25 mil pequenas e médias empresas colaborem, criem confiança e reforcem a cooperação transfronteiriça», afirmou.

A antiga administradora do Banco de Portugal e ministra do Ambiente e do Planeamento referiu o investimento de «1,8 mil milhões de euros de dinheiro europeu para melhorar a gestão dos serviços transfronteiriços, desde os transportes públicos à saúde ou à educação». Enfatizou a importância de trabalhar com os jovens. «Mais de 20 programas envolvem os jovens, desde o processo de tomada de decisão até à seleção de projetos», contabilizou, recordando que a Iniciativa Interreg Voluntariado Jovem contou com 800 participantes desde 2017.

Relativamente às prioridades europeias, sublinhou o contributo do Interreg para a transição para uma economia verde e neutra em carbono. «Mais de 1000 parcerias de cooperação possuem projetos de gestão e prevenção de riscos. Oitenta por cento dos programas de cooperação 2014-2020 apoiaram medidas anti-inundações e 75 por cento deles abordaram o combate a incêndios transfronteriços», elencou. 

Relativamente à melhoria das competências, Elisa Ferreira sustentou que o Interreg está «bem posicionado para responder a este desafio». «Existem mais de 1800 projetos de cooperação para melhoria de competências. Os mercados de trabalho transfronteiriços são vitais para o fluxo de competências. A formação transfronteiriça pode aproveitar economias de escala e de âmbito para colmatar lacunas de competências. Os novos programas prevêem formar mais de 230.000 pessoas em projetos conjuntos de formação» declarou.

Acrescentou que o Interreg funciona como «uma preparação prática» para a adesão de novos estados à União Europeia». «É uma oportunidade única para começar o trabalho concreto sobre as prioridades europeias, bem como para construir as capacidades administrativas necessárias para gerir fundos europeus», disse, destacando o reforço do programa com a Ucrânia e Moldova.

 

Comissão vai apresentar proposta para reduzir obstáculos à cooperação

A Comissão Europeia vai apresentar uma proposta para reduzir os obstáculos à cooperação transfronteiriça, em resposta à questão levantada pelo Parlamento Europeu.

A comissária europeia da Coesão e Reformas, Elisa Ferreira, recorda que a Comissão Europeia apresentou, em 2018, uma proposta no sentido da harmonização entre os Estados-Membros, que acabou por ser rejeitada.

A intenção é avançar, agora, com uma solução «mais simples e com uma abordagem mais voluntária e caso a caso».

A responsável admite que esta matéria «não é fácil», sendo necessário encontrar «equilíbrios» que não colidam com a autonomia legislativa dos Estados.

«Um estudo recente calcula que resolver apenas 20% dos obstáculos que existem nas fronteiras geraria 123 mil milhões de euros adicionais em valor acrescentado bruto por ano. Há, portanto, um valor económico claro associado à criação de condições que facilitem a cooperação transfronteiriça», declara.

 

Galiza quer continuar a estreitar laços com Norte de Portugal

O presidente da Junta da Galiza quer continuar a estreitar os laços com o Norte de Portugal.

Falando no encontro anual do Interreg, Alfonso Rueda Valenzuela lembrou que entre a Galiza e o Norte de Portugal existe a maior e mais permeável das fronteiras, aquela que mais pessoas atravessam diariamente para trabalhar num lado e viver no outro.

O governante afirmou que os dois territórios «confundem-se», tendo um idioma com muitas similitudes e uma forma semelhante de pensar e de enfrentar os desafios comuns. «No aspeto económico, há muitíssimas empresas galegas com sede em Portugal e muitas empresas portuguesas estabelecidas na Galiza», disse.

O chefe do governo galego enfatizou que a eurorregião reúne «6,5 milhões de habitantes que partilham objetivos comuns. 

Por isso, manifestou a intenção de captar verbas do quadro de financiamento 2021-27 do Interreg para consolidar a cooperação transfronteiriça.

 

*Em Santiago de Compostela, a convite da Comissão Europeia.