O vice-presidente da Associação de Pescadores de Vila Praia de Âncora, em Caminha, congratulou-se esta terça-feira com a apresentação do estudo de reconfiguração do portinho de pesca. Espera não ter de esperar 12 anos para a sua concretização.
Contactado pela Lusa, a propósito da apresentação pública daquele trabalho técnico marcada para 6 de julho, Carlos Sampaio afirmou que representa “o culminar de 12 anos de trabalho para corrigir as falhas técnicas detetadas após a sua construção”. “Desde a sua construção, já foram realizadas oito operações de desassoreamento e foram gastos mais de cinco milhões de euros com dragagens. Além disso, os dois molhes do porto impedem a movimentação de sedimentos para o sul da praia da Gelfa, destruindo as dunas dos Caldeirões”, apontou.
O responsável disse esperar que “não sejam precisos mais 12 anos para arranjar dinheiro para a reconfiguração do portinho, porque o mais difícil está feito”. “Agora temos de arregaçar as mangas e acredito que, juntamente com os pescadores, com os grandes armadores, com a autarquia, provaremos à Direção Geral dos Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM) e ao ministro da Economia e das Finanças que o nosso porto de mar tem capacidade e é estratégico para o concelho. Se sensibilizarmos o Governo vamos conseguir financiamento, obviamente, com o apoio de Bruxelas. Todos juntos conseguiremos”, frisou.
Com a implementação da melhor proposta do estudo, adiantou, “vai ser possível aumentar o número de postos de trabalho, aumentar a frota de pesca e trazer mais barcos”. “Vila Praia de Âncora tem a maior frota de pesca de espadarte e atum. Atualmente, devido à falta de condições do portinho, os armadores descarregam o pescado, em Vigo, na Galiza. Os impostos ficam todos em Espanha. Temos de criar condições para irmos buscar esse dinheiro”, afirmou.
Em julho de 2021, o então ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, assinou em Vila Praia de Âncora um contrato que permitiu assegurar dragagens até 2023, até à conclusão do estudo de reconfiguração do portinho, financiado pelo programa Mar 2020.
O assoreamento no portinho de Vila Praia de Âncora, que conta com pouco mais de 20 embarcações de pesca tradicional e uma centena de pescadores, é um problema recorrente devido à configuração do portinho, construído há mais de uma década. Estima-se que a atividade piscatória envolva perto de 200 pessoas em Vila Praia de Âncora, da pesca propriamente dita à venda e ou à restauração.