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Vítor Constâncio diz que decisões do BCE vão agravar "desnecessariamente" a recessão

Vítor Constâncio diz que decisões do BCE vão agravar "desnecessariamente" a recessão
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Publicado em 15 de dezembro de 2022, às 17:49

Para o ex-governador do Banco de Portugal, a expressão do BCE de que "as taxas ainda terão que subir significativamente baseia-se em previsões de inflação controversas".

O ex-vice presidente do Banco Central Europeu (BCE) Vítor Constâncio disse esta quinta-feira que as decisões do banco central e as previsões de inflação apontam para uma política excessivamente restritiva, que diz que irá agravar desnecessariamente a recessão. "Más notícias para as perspetivas da zona euro. As decisões, a linguagem e as previsões do BCE apontam para uma política excessivamente 'hawkish' [restritiva] que irá agravar desnecessariamente a recessão que se aproxima", escreveu Vítor Constâncio, numa publicação no Twitter. Os comentários do antigo governador do Banco de Portugal (BdP), que foi depois vice-presidente do BCE, durante o mandato de Mário Draghi, foram divulgados após o anúncio do banco central de revisão em baixa das previsões de crescimento na zona euro no próximo ano para 0,5%, ao mesmo tempo que subiu a estimativa de inflação para 6,3%. Para o economista, a expressão do BCE de que "as taxas ainda terão que subir significativamente baseia-se em previsões de inflação controversas". Vítor Constâncio afirma que "as previsões de dezembro (e junho) são coordenadas pelos BC [bancos centrais] nacionais, enquanto nos outros trimestres a equipa do BCE fá-lo". Para Vítor Constâncio, "as perspetivas vindas de uma linguagem e previsões tão restritivas, materializando-se em decisões futuras compatíveis, são mais importantes do que o aumento de 50 pontos base da taxa hoje". O BCE decidiu esta quinta-feira aumentar as suas taxas de juro em 50 pontos base, um abrandamento em relação às duas subidas anteriores, que foram de 75 pontos base. A taxa de juro das principais operações de refinanciamento fica agora em 2,5%, a taxa de depósitos em 2% e a taxa de juro aplicada à facilidade permanente de cedência de liquidez passa para 2,75%. A autoridade monetária da Zona Euro também revelou mudanças na política de compra de ativos, começando a diminuir a carteira a partir de março de 2023 a um ritmo “comedido e previsível”. Esse anúncio fez os juros da dívida portuguesa saltar para 3% a 10 anos.
Autor: Agência Lusa