Portugal reportou dezassete casos suspeitos de hepatite aguda infantil de origem desconhecida entre 28 de abril e 24 de junho, sem registo de gravidade. Todos os casos se revelara, "situações com resolução clínica, não tendo ocorrido casos graves", avançou esta segunda-feira a Direção-geral da Saúde (DGS).
O diretor do Programa Nacional para as Hepatites Virais, Rui Tato Marinho, explica à Lusa que a autoridade da saúde se encontra "satisfeita" pelo facto de os casos reportados nos últimos dois meses terem sido numa "média de dois casos por semana". "Pode ter sido apenas um surto epidémico e que, entretanto, está a acalmar”, afirma o especialista. Rui Tato Marinho adianta ainda que a média de idades dos doentes é de 4, 5 anos, “havendo um ou outro adolescente com menos de 16 anos”, e que nenhuma das crianças necessitou de transplante hepático e todas as situações evoluíram favoravelmente.
Em comunicado, a DGS refere que a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) destacam a redução de número de casos a nível mundial nas últimas três semanas, mas solicitam aos países que continuem a detetar e a reportar casos prováveis. “Em todo o mundo, o pico [da doença] começou a descer”, sublinha o especialista, adiantando que, a nível mundial, há 900 casos descritos da doença.
Já na Europa, foram reportados pouco mais de 400 casos e houve apenas um caso mortal, algo que Tato Marinho considera um “dado extremamente importante”, por se tratar de um número “substancialmente inferior ao que tem sido descrito no mundo, em que a mortalidade chega aos 2%”. “Os sistemas de saúde são diferentes e isto abona a nosso favor”, adianta.
Rui Tato Marinho recorda que Portugal formou uma “task force” mesmo antes de aparecer o primeiro caso no país. “Começámos a preparar-nos muito cedo com medo que aparecesse um grande número de casos de hepatite aguda grave em crianças. Felizmente isso não aconteceu”, constata.
Uma das preocupações do grupo foi o facto de algumas crianças necessitarem de transplante hepático, algo que não aconteceu em Portugal. “Em 10 crianças, havia uma que precisava de transplante, o que é muito. Mas à medida que os casos aumentaram, este número reduziu”, revela. O especialista assegura, contudo, que os pediatras e os médicos de clínica geral e familiar estão “muito atentos” à evolução da situação e referenciam para os centros que têm mais experiência.
Autor: Redação/Lusa