Ministério da Saúde proíbe delegados de saúde de divulgar dados do Covid-19

Várias autarquias vieram hoje a público denunciar que o o Ministério da Saúde (MS) proibiu os delegados de saúde pública de divulgar o boletim epidemiológico para a covid-19, evitando desta forma que Câmaras, através dos gabinetes de proteção civil, divulguem informação. O ordem do MS é que os delegados de saúde pública devem restringir-se aos dados disponibilizados pela Direção-Geral da Saúde (DGS). Várias edilidades tornaram público manifestações de desagrado pela proibição, como casos das Câmaras de Espinho, Boticas, Valpaços, Montalegre, Ovar e Chaves. Também o presidente da Câmara de Esposende, Benjamim Pereira, já veio ontem condenar esta situação (ver aqui) como avançou esta jornal. A Câmara de Espinho anunciou que «não prescindirá do direito de informar diariamente a população sobre a evolução epidemiológica local da pandemia da covid-19, apesar das instruções em contrário por parte do Ministério da Saúde». «Comissão Municipal de Espinho não abdicará desse direito [de divulgação dos dados locais] e dá conta pública da sua estupefação, indo naturalmente interpelar o Ministério da Saúde e o Ministério da Administração Interna sobre este assunto», frisa. Também a autarquia de Boticas mostrou profundo desagrado. «Quero manifestar o mais profundo desagrado e completa revolta com a atitude tomada hoje pelo gabinete da ministra da Saúde, que impediu da USP (Unidade de Saúde Pública) do Alto Tâmega de continuar a divulgar o boletim epidemiológico onde todos os dias dava conta dos casos registados na região», lê-se no comunicado divulgado pela autarquia de Boticas. O texto assinado pelo presidente da Câmara de Boticas, Fernando Queiroga, explica que a divulgação era um trabalho “feito em consonância com os municípios do Alto Tâmega” e que “tinha como único objetivo manter a população informada e atualizada”. Em Valpaços o sentimento é de revolta. «É de lamentar esta decisão governamental, visto a covid-19 ser uma doença altamente contagiosa e de fácil propagação», aponta a autarquia liderada por Amílcar Almeida referindo que «nem sempre o referido relatório da Direção Geral da Saúde (DGS) retrata com rigor e veracidade o número de infetados». Já a Câmara de Montalegre divulgou a «imposição da Direção-Geral da Saúde», que obriga a autarquia a deixar de publicar diariamente os dados da pandemia na região. Em Ovar, o presidente da Câmara, contestou nas redes sociais, mais uma vez, os números de casos confirmados de covid-19 . No Twitter, afirmou que em vez dos 379 casos confirmados anunciados pela DGS, se verificam 546 em Ovar.  
Autor: Nuno Cerqueira