Os especialistas envolvidos na candidatura da Dieta Mediterrânica a património imaterial da UNESCO lançaram hoje um manifesto a apelar à criação de condições para que mais pessoas adiram à dieta, “independentemente da sua condição social e económica”.
O Manifesto pela preservação da Dieta Mediterrânica em Portugal chama a atenção para dez aspetos essenciais na preservação deste padrão alimentar em Portugal e apela “a uma mudança de paradigma no modelo de intervenção de modo a que se criem condições para que mais pessoas possam a aderir a esta forma saudável de comer, independentemente da sua condição social e económica”.
Subscrito pelo diretor do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, Pedro Graça, pelo chefe da divisão de Cultura, Património e Museus da Câmara de Tavira, Jorge Queiroz, e pela antropóloga e técnica superior da Comissão Nacional da UNESCO, Clara Bertrand Cabral, o manifesto sublinha a necessidade de se “prestar mais atenção aos fatores que verdadeiramente afetam a adesão a este padrão alimentar”, como uma maior atenção à gestão do tempo familiar.
Segundo Pedro Graça, “sem uma atenção particular às leis do trabalho e à preservação do tempo familiar para comprar, cozinhar e estar à mesa não se consegue cumprir o objetivo da convivialidade que está na base da Dieta Mediterrânica”.
Ainda segundo o documento, sem uma atenção reforçada ao ensino e ao consumo da Dieta Mediterrânica nas escolas, onde se deviam ensinar competências básicas para cozinhar e provar diariamente a Dieta Mediterrânica não se pode ter adultos preparados para a adotar.
“Sem a participação mais ativa do homem nas atividades domésticas e, em particular, na manutenção do património familiar ligado ao modo de cozinhar mediterrânico não conseguiremos preservar este modo de comer”, defende.
“Sabemos também que a alimentação inadequada é o principal determinante dos anos de vida saudável perdidos pelos portugueses. Apesar de sabermos tudo isto, trabalhos científicos recentes demonstraram que menos de 10% da população nacional consome de acordo com este padrão alimentar”, afirmam os especialistas.
Os mesmos estudos sugerem ainda que a Dieta Mediterrânica é menos consumida nas regiões do Sul e nas populações mais desfavorecidas.
Foi esta constatação que levou o grupo de especialistas que esteve envolvido na candidatura da Dieta Mediterrânica a património imaterial da humanidade pela UNESCO a discutir a sua preservação e a “apresentar uma maneira diferente de proteger este modo de comer”.
Autor: Lusa