Catarina Martins anunciou esta terça-feira que vai deixar de ser coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) na próxima Convenção Nacional do partido, uma vez que não se vai recandidatar.
"Comuniquei aos e às ativistas do Bloco de Esquerda que não serei candidata a coordenadora na próxima Convenção Nacional do Bloco", anunciou Catarina Martins numa conferência de imprensa na sede do BE, em Lisboa.
Considerando que a década durante a qual esteve à frente dos destinos do BE foi de "vitórias e derrotas", a bloquista defendeu que "o que mudou agora" foi "a instabilidade da maioria absoluta", afirmando que a crise "multiplicada dentro do Governo e em choque com a luta popular é o sinal do fim de um ciclo político".
"No Bloco não há períodos muito longos de funções como a coordenação. O que me fez decidir neste momento foi pensar que é agora que o Bloco deve começar a preparação da mudança política que já aí está", afirmou.
Catarina Martins enfatizou que "neste tempo novo estarão os velhos fantasmas, os ódios racistas que são o retrato de uma política mesquinha e vão estar os poderes de sempre, como a oligarquia que se alimenta da especulação financeira e urbanística, e está também a certeza de que é preciso virar à esquerda".
"Esta renovação que desejo promover vai multiplicar a energia do Bloco", afirmou, garantindo que não vai "andar por aí".
"Estou aqui, eu sou daqui, o Bloco é o partido onde eu estou e vou estar em todas as lutas, a luta toda como sempre. É com muita confiança que eu olho para o futuro do meu partido", assegurou.
Catarina Martins chegou à coordenação do Bloco em 2012, quando o partido optou por uma liderança conjunta com João Semedo para suceder a Francisco Louçã. A saída de João Semedo da direção fez de Catarina Martins, em 2014, porta-voz do Bloco de Esquerda, num período em que o partido foi gerido por uma comissão permanente. Esse período terminou em 2016 quando, após os melhores resultados de sempre em eleições legislativas e presidenciais, Catarina Martins passa a ser coordenadora nacional do BE. A Convenção Nacional do BE decorre nos dias 27 e 28 de maio. Apesar disso, as moções orientadoras que vão ser votadas na Convenção têm que ser apresentadas até ao dia 27 de fevereiro. Nos últimos dias surgiu o cenário de uma possível mudança de liderança do partido, após uma entrevista de Luís Fazenda, onde o único fundador do Bloco de Esquerda que ainda é dirigente do partido deixou no ar a possibilidade de saída de Catarina Martins.Autor: Agência Lusa/João Pedro Quesado