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PCP acusa direita de utilizar criminalidade para atacar imigrantes

PCP acusa direita de utilizar criminalidade para atacar imigrantes
Fotografia PCP

Agência Lusa

Agência noticiosa

Publicado em 20 de janeiro de 2025, às 12:18

O PCP acusou hoje PSD, Chega, Iniciativa Liberal e CDS de utilizarem a criminalidade para atacar imigrantes e defendeu que uma maior segurança da população passa pela valorização das carreiras dos agentes policiais.

Numa conferência de imprensa na sede nacional do PCP, em Lisboa, Rui Fernandes, membro da Comissão Política do Comité Central, afirmou que o partido “não desvaloriza nem subestima a importância da segurança e tranquilidades públicas”, mas recusa “a instrumentalização quer das forças e serviços de segurança, quer das questões da criminalidade”.

“Numa altura em que o Governo PSD/CDS e a IL, indo ao encontro do Chega, usam as questões da criminalidade para alimentar um discurso e uma narrativa assente em preconceitos contra os imigrantes, o PCP reitera que compete às forças e serviços de segurança a defesa da legalidade democrática, a garantia da segurança interna e dos direitos dos cidadãos, a defesa dos valores plasmados na Constituição”, afirmou.

Rui Fernandes frisou que, “entre o espalhafato de origens várias” criado por esses partidos acerca da criminalidade, “está também a falsidade que pretende estabelecer uma relação causa-efeito entre imigração e segurança”, criticando em particular a proposta da IL para que, no Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), se passe a divulgar a nacionalidade, género e idade dos criminosos e das vítimas.

O dirigente do PCP afirmou que o RASI já revela que, em ambiente prisional, “os estrangeiros rondam os 17% e 83% são nacionais”, pelo que facultar a nacionalidade, género e idade de quem pratica os crimes “não vai adiantar nada para o processo”.

“Um crime, quando é cometido, interessa pouco saber se foi um angolano, um cabo-verdiano, se foi um português ou se foi um brasileiro. Um crime é um crime e, como tal, deve ser punido. Portanto, deve ser investigado e deve levar à condenação respetiva. A nacionalidade adianta pouco”, defendeu, considerando que essa proposta se “insere na competição da direita em torno do tema segurança e imigração”.

“Insere-se na onda de quem quer martelar a realidade, torturar os números até à última instância, para alimentar um determinado tipo de narrativa”, acusou.

Rui Fernandes reconheceu que o país se depara “com múltiplos problemas na segurança interna, com reflexos no direito das populações à segurança e tranquilidade”, mas acusou o Governo de não dar “respostas estruturais” para resolver essas questões.

“O Governo PSD/CDS marca a sua ação nesta área por soluções que se arriscam a ficar apenas no plano do discurso propagandista, a par da espetacularidade mediática que serve propósitos contrários aos direitos, liberdades e garantias, e que não resolve nenhum dos problemas com que o país está confrontado”, referiu.

O dirigente do PCP defendeu em particular que é necessário dar melhores condições aos profissionais das forças de segurança, argumentando que “não haverá melhor segurança enquanto a maioria dos respetivos profissionais se sentir desmotivada, anos a fio sem progressões na carreira, sem estímulos à formação, com menos materiais obsoletos, com cargas horárias inadmissíveis, cortes de folgas”.

“O PCP espera que aqueles que enchem o discurso mediático em torno das questões de segurança assegurem as negociações em curso com as estruturas sindicais da PSP e GNR o equivalente compromisso na resolução dos seus problemas sociolaborais, disse, recordando ainda que o PCP tem apresentado propostas no sentido de criar uma polícia única de natureza civil, juntando PSP e GNR, ou um estatuto da condição policial.