Segundo uma nota hoje divulgada, a PJ adianta que a longa investigação, a cargo da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica, em cooperação com o Departamento de Investigação e Ação Penal de Loures, levou à detenção das duas mulheres, de 25 e 32 anos, “presumíveis autoras de vários crimes de burla qualificada, falsidade informática e branqueamento”.
A investigação iniciou-se em meados de janeiro de 2023, data em que foi remetida uma queixa-crime apresentada em dezembro de 2022 relacionada com uma burla informática, associada ao esquema designado por “Olá Pai/Olá Mãe”, “que na sua globalidade tem originado um vasto número de vítimas e avultados prejuízos financeiros”, refere a Judiciária.
De acordo com a PJ, a investigação assentou, entre outras ações, na “recolha de informação e respetiva análise”, o que culminou na identificação das suspeitas, “titulares de várias contas bancárias e com registo em aplicações financeiras online de remessa de dinheiro/pagamentos, tendo no seu global recebido diretamente e indiretamente (proveniente de terceiros de 1.ª linha) um valor na ordem dos 98 mil euros”.
Até ao momento já foram recebidas “pelo menos 20 casos (queixas-crime), número que certamente irá aumentar, acrescenta a PJ.
“Na sequência das detenções e buscas domiciliárias procedeu-se à apreensão de equipamentos informáticos/comunicações e vários cartões bancários”, explica a PJ.
As detidas vão ser ouvidas na quarta-feira em primeiro interrogatório judicial no Tribunal de Loures e para aplicação das medidas de coação.
Na nota hoje divulgada, a PJ explica como se processam este tipo de crimes de burla e medidas preventivas relativamente a este esquema.
O procedimento denominado “Olá Mãe/Olá Pai”, traduz-se num esquema fraudulento através do qual os alegados burlões contactam as vítimas, através da aplicação WhatsApp, “fazendo-se passar ardilosamente pelo(a) filho(a) ou familiar próximo das mesmas, ainda que através de um novo número de telefone (com a referência de que o telefone/cartão se avariou), usando (por ser fácil de obter nas redes sociais) fotos de perfil desse filho(a)/familiar”.
De seguida, com a justificação de que não conseguem aceder à aplicação de home banking e por qualquer necessidade solicitam a realização de uma, ou várias, transferências bancárias e/ou pagamentos por entidade e referência, valores remetidos para “Money Mules” (testas de ferro) que aderiram ao plano criminoso, tendo por missão receber e dissipar fundos”.
Desta forma, os pais preocupados em ajudar os filhos ou familiares, acabam por pagar elevadas somas e sofrerem avultados prejuízos patrimoniais.
A PJ aconselha a que as vítimas não tenham como certo que uma qualquer mensagem recebida foi enviada pelo filho/a ou familiar, mesmo que o perfil tenha a sua fotografia, que contactem de seguida o familiar por voz através do número em que lhe ligaram antes de efetuar qualquer pagamento.
Se não conseguirem falar com o familiar, nunca efetue transferências para contas desconhecidas ou pagamentos para entidades indicados por terceiros que não certificou a identidade, conhece ou confia, a PJ.
Em caso de dúvida procure aconselhamento ligando para o piquete da PJ.