O presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, optou por manter o governo, apesar de "puxar as orelhas" ao Primeiro-Ministro, e sobretudo ao ministro das Infraestruturas, João Galamba. Marcelo lembra que a responsabilidade «é pagar pelo que se faz». «Responsabilidade é mais do que pedir desculpa», disse o Chefe de Estado.
Marcelo prometeu que estará «ainda mais atento e mais interveniente no dia a dia» para prevenir fatores de conflito que deteriorem as instituições e «evitar o recurso a poderes de exercício excecional».
Numa comunicação ao país a partir do Palácio de Belém, em Lisboa, o chefe de Estado afirmou que não deseja usar os poderes que a Constituição lhe confere para interromper a governação, mas frisou que não abdica deles.
Marcelo qualificou a sua discordância em relação à decisão do primeiro-ministro de manter João Galamba como ministro das Infraestruturas como uma «divergência de fundo» e considerou que essa decisão de António Costa tem efeitos «na credibilidade, na confiabilidade, na autoridade do ministro, do Governo e do Estado».
Em seu entender, João Galamba deveria ter-se responsabilizado também pela conduta do seu ex-adjunto Frederico Pinheiro.
O Presidente da República argumentou que «onde não há responsabilidade, na política como na administração, não há autoridade, respeito, confiança, credibilidade» e que «um governante sabe que ao aceitar sê-lo aceita ser responsável por aquilo que faz e não faz, e também por aquilo que fazem ou não fazem aqueles que escolhe, e nos quais é suposto mandar».