Os países pobres receberam até final de novembro apenas 0,6% das vacinas contra a covid-19 produzidas no mundo, revelou hoje a Organização Não Governamental (ONG) Human Rights Watch, que alertou para um acesso “extremamente desigual”.
“O acesso às vacinas [contra a] covid-19 é extremamente desigual globalmente e a escassez de suprimentos ameaça a saúde, vidas e meios de subsistência à medida que novas variantes surgem”, alertou a ONG num comunicado a que a agência Lusa teve acesso.
Até 29 de novembro, os países pobres tinham recebido apenas 0,6% das vacinas mundiais e a grande maioria das vacinas produzidas pela Pfizer, Moderna e Janssen teve como destino países desenvolvidos, segundo dados recolhidos pela empresa de análises e informações cientificas, Airfinity, citados pelo grupo People’s Vaccine Alliance.
Em 12 de outubro, governos de países desenvolvidos comprometeram-se a doar 1,8 biliões de doses de vacinas, mas apenas 14% foram entregues, de acordo com os dados do Airfinity.
As previsões de uma produção global que previam que o mundo em breve teria uma quantidade suficiente de vacinas contra a covid-19 são enganadoras, alerta a ONG.
“A produção de vacinas tem ficado repetidamente aquém das projeções. Em setembro, a COVAX, a iniciativa global de aquisição de vacinas, anunciou uma redução de 25% na sua angariação de vacinas previsto para 2021”, salientou a Human Rights Watch.
As previsões não têm em consideração as doses de reforço necessárias, a vacinação de crianças ou a vacinação contra as novas variantes, bem como aquelas que são perdidas em desperdícios.
“Estes fatores aumentam significativamente a necessidade global”, referiu a ONG.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), todos os dias há seis vezes mais doses de reforço a serem administradas globalmente do que as primeiras doses em países pobres.
A “maioria das doações” de vacinas para África “têm sido ‘ad hoc’, fornecidas com pouca antecedência e com uma vida útil curta”.
“Isto tornou extremamente difícil para os países planear campanhas de vacinação e aumentar a capacidade de absorção”, relataram num comunicado conjunto, divulgado em 29 de novembro, o African Vaccine Acquisition Trust (AVAT), os Centros Africanos de Controlo e Prevenção de Doenças, reunidos no Africa CDC, e a COVAX – o mecanismo internacional, criado pela Aliança para as Vacinas (Gavi) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para permitir a 92 países e territórios desfavorecidos receberem gratuitamente vacinas financiadas por países ricos.
Autor: Redação/Lusa