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Saúde europeia enfrenta “grave crise” com falta de 1,2 milhões de médicos e enfermeiros

Saúde europeia enfrenta “grave crise” com falta de 1,2 milhões de médicos e enfermeiros
Fotografia DR

Agência Lusa

Agência noticiosa

Publicado em 18 de novembro de 2024, às 11:15

A União Europeia (UE) tinha em 2022 falta de 1,2 milhões de profissionais de saúde, uma “grave crise” que será agravada com a reforma de um terço dos médicos e um quarto dos enfermeiros nos próximos anos.

O alerta consta do relatório de 2024 da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e da Comissão Europeia (CE) “Health at a Glance Europe” hoje divulgado e que indica que 20 países da UE comunicaram uma escassez de médicos em 2022 e 2023 e outros 15 falta de enfermeiros.

“A mão-de-obra europeia no setor da saúde enfrenta uma grave crise”, salienta o documento que, com base nos limiares mínimos de pessoal para a cobertura universal de saúde, estima que os países da UE registaram uma necessidade de aproximadamente 1,2 milhões de médicos e enfermeiros em 2022.

Portugal faz parte de um grupo de seis países - mais a Chéquia, Grécia, Irlanda, Letónia e Espanha – que indicaram que parte das suas estratégias para manter ou aumentar a oferta de médicos consiste em prolongar a sua vida profissional, incluindo incentivos específicos para os clínicos se manterem na vida ativa.

A juntar à falta de profissionais de saúde já registada nos últimos anos, junta-se o seu envelhecimento, alerta ainda a OCDE e a CE, ao avançar que “mais de um terço dos médicos e um quarto dos enfermeiros da UE têm mais de 55 anos e deverão reformar-se nos próximos anos”.

Apesar desta crise na força de trabalho da saúde, o estudo salienta que os setores da saúde e da assistência social empregam mais trabalhadores agora do que em qualquer momento da história na maioria dos países da UE.

Em 2022, mais de um em cada dez empregos (10,1%) era na área da saúde e da assistência social nos países da UE, contra 8,5% em 2002.

Em média, nos países da União Europeia, existiam 4,2 médicos por 1.000 habitantes em 2022, quando em 2002 eram 3,1, refere ainda o documento, que aponta para um crescimento do número de médicos “particularmente rápido” em Portugal e na Grécia, mas avisando que os dados destes dois países se referem a todos os clínicos inscritos, mesmo que não estejam atualmente a exercer.

Quanto aos enfermeiros, a OCDE e a CE avançam que o seu número tem aumentado na última década na maioria dos países da UE, passando de 7,3 por 1.000 habitantes em 2012 para os 8,4 em 2022.

Portugal está ligeiramente abaixo da média da União Europeia de 8,4% e distante dos países que lideram esse rácio, a Noruega, a Islândia, a Finlândia, a Irlanda e a Alemanha, com pelo menos 12 enfermeiros por 1.000 habitantes.

O relatório alerta ainda para o “deserto médico” na distribuição geográfica nacional desses profissionais de saúde, uma vez que em muitos países, como Portugal, Áustria, Roménia, Hungria e Croácia, regista-se uma densidade particularmente elevada nas grandes cidades de serviços especializados de saúde.

Para minimizar a falta de médicos, vários países da OCDE têm apostado no seu recrutamento no exterior, uma “solução rápida para responder às necessidades internas a curto prazo”, adianta o estudo.

O recrutamento de médicos formados no estrangeiro foi 17% superior em 2022 do que antes da pandemia, em 2019, passando de cerca de 28.000 para 33.000 em termos de volume anual. Em 2023, mais de 40% dos médicos na Noruega, Irlanda e Suíça e cerca de 50% dos enfermeiros na Irlanda tinham formação estrangeira, por exemplo.

Segundo o relatório, o reforço da força de trabalho no setor da saúde para tornar os sistemas de saúde mais resilientes exigiria recursos adicionais significativos em relação ao nível pré-pandemia, ascendendo a 0,6% do PIB em toda a UE.

“A curto prazo, a melhoria das condições de trabalho e da remuneração é fundamental para aumentar a atratividade da profissão e reter os atuais profissionais de saúde”, defende a OCDE, para quem aumentar as oportunidades de formação para novos médicos e enfermeiros é “também vital para aumentar a oferta”, embora o seu impacto só se faça sentir a médio e longo prazo.