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Concentração de gases com efeito de estufa bate novo recorde

Concentração de gases com efeito de estufa bate novo recorde
Fotografia DR

Agência Lusa

Agência noticiosa

Publicado em 28 de outubro de 2024, às 10:18

As concentrações de gases com efeito de estufa na atmosfera atingiram novos recordes em 2023, o que “condena o planeta a muitos anos de aumento das temperaturas”, alertou hoje a agência para o ambiente da ONU.

Os níveis dos três principais gases com efeito de estufa que contribuem para o aquecimento global - dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O) - voltaram a aumentar no ano passado, segundo o relatório divulgado hoje pela Organização Meteorológica Mundial (OMM).

A agência da ONU constatou que o CO2 está a acumular-se mais rapidamente do que nunca na atmosfera, aumentando mais de 10% em duas décadas, sendo que o dióxido de carbono contribui para 64% do aquecimento global e provém principalmente da queima de combustíveis fósseis.

“Mais um ano. Mais um recorde. Isto deveria fazer soar o alarme entre os decisores políticos. Estamos claramente atrasados em relação ao objetivo estabelecido no Acordo de Paris sobre o Clima de 2015”, afirmou a Secretária-Geral da OMM, Celeste Saulo, durante a apresentação do relatório.

Em 2015, os países concordaram em limitar o aquecimento global a menos de 2°C acima dos níveis pré-industriais, e até a 1,5°C, se possível. No entanto, os investigadores mostram uma realidade oposta.

Em 2023, as temperaturas globais em terra e no mar já foram “as mais elevadas de que há registo”, com os níveis de dióxido de carbono a registarem um aumento de 151% em relação aos níveis pré-industriais, ou seja, antes de 1750.

Foram também medidas 1.934 partes por mil milhões de metano e 336,9 partes por mil milhões de óxido nitroso, os outros dois gases responsáveis pelo aquecimento global, com níveis que representam um aumento de 265% e 125%, respetivamente, em relação à era pré-industrial.

Enquanto as emissões continuarem, os gases com efeito de estufa continuarão a acumular-se na atmosfera, aumentando as temperaturas, lamenta a OMM, que divulga o seu relatório duas semanas antes do arranque da próxima cimeira das Nações Unidas sobre o clima (CIP29), que se irá realizar entre 11 e 22 de novembro em Baku, no Azerbaijão.

O relatório reitera que a última vez que a Terra teve uma concentração de dióxido de carbono comparável à atual foi entre três e cinco milhões de anos atrás, quando a temperatura era dois a três graus mais quente e o nível do mar era 10 a 20 centímetros mais alto do que é hoje.

A agência meteorológica da ONU adverte que, mesmo que as emissões fossem rapidamente reduzidas a zero (ou seja, atenuadas por fenómenos de absorção como as florestas), seriam necessárias décadas para o clima da Terra voltar reduzir os níveis atuais de temperatura, devido à longa permanência do CO2 na atmosfera.

A OMM alerta ainda para o risco de o aumento das concentrações dos gases - que provocam o aquecimento global - se tornar mais intenso.

“Os incêndios florestais podem libertar mais emissões de carbono para a atmosfera, enquanto o aumento da temperatura dos oceanos pode reduzir a sua capacidade de absorção de CO2, o que pode levar a uma maior acumulação de CO2 na atmosfera e acelerar o aquecimento global”, afirmou por seu turno Ko Barrett, secretário-geral adjunto da OMM.

Um pouco menos de metade das emissões de dióxido de carbono permanece na atmosfera, o oceano absorve cerca de um quarto e os ecossistemas terrestres cerca de 30%, embora estas percentagens variem devido a fenómenos como o La Niña ou o El Niño.