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OMS salienta que inteligência artificial pode revolucionar cuidados mas alerta para riscos

OMS salienta que inteligência artificial pode revolucionar cuidados mas alerta para riscos
Fotografia Pexels

Agência Lusa

Agência noticiosa

Publicado em 18 de janeiro de 2024, às 17:31

A Organização Mundial da Saúde (OMS) salientou hoje que a inteligência artificial (IA) generativa poderá revolucionar os cuidados de saúde, ao acelerar por exemplo o diagnóstico clínico, mas avisou que é preciso estar atento aos riscos.

 

Num documento hoje divulgado, a OMS analisa os perigos e os benefícios do uso na saúde de Grandes Modelos Multimodais (LMM, na sigla em inglês) - um tipo de tecnologia de IA generativa em crescimento rápido.

Os LMM, como o GPT-4, criado pela OpenAI, ou o Bard, desenvolvido pela Google, podem utilizar vários tipos de dados, incluindo texto, áudio, fotos e vídeos, e gerar resultados que não estão limitados aos dados introduzidos num algoritmo.

"Prevemos que os LMM serão amplamente utilizados e aplicados nos cuidados de saúde, na investigação científica, na saúde pública e no desenvolvimento de medicamentos", sustenta a OMS no guia hoje lançado com novas orientações éticas para fomentar e garantir o uso seguro na saúde deste tipo de IA generativa.

Entre os principais benefícios dos LMM na saúde, a OMS destaca o acelerar do diagnóstico e atendimento clínico, nomeadamente através da resposta automática a questões dos doentes; a execução de tarefas administrativas, como a documentação das visitas de doentes ao médico em registos eletrónicos; o ensino, como o fornecer aos formandos em medicina ou enfermagem encontros simulados com doentes, e a investigação científica e o desenvolvimento de medicamentos, incluindo a identificação de novas substâncias.

A OMS adverte que, apesar do seu grande potencial, os LMM podem produzir resultados falsos, inexatos, tendenciosos ou incompletos que poderão ter consequências nefastas para as pessoas, realçando que a vulnerabilidade desta tecnologia aos riscos em matéria de cibersegurança poderá colocar em perigo as informações relativas aos doentes, em suma a fiabilidade dos cuidados de saúde.

"As tecnologias de IA generativa têm o potencial de melhorar os cuidados de saúde, mas só se aqueles que desenvolvem, regulam e utilizam estas tecnologias identificarem e considerarem plenamente os riscos associados", assinalou o cientista-chefe da OMS, Jeremy Farrar, citado em comunicado.

De acordo com Farrar, são necessárias "informações e políticas transparentes para gerir a conceção, o desenvolvimento e o uso de LMM para alcançar melhores resultados de saúde e superar as persistentes desigualdades na saúde".

No documento hoje publicado, a agência da ONU recomenda que os governos incumbam as autoridades reguladoras de aprovarem a utilização dos LMM nos cuidados de saúde e pede que sejam feitas auditorias para avaliar o impacto desta tecnologia.

Segundo a OMS, é preciso ter "regras em matéria de responsabilidade" para que os "utilizadores lesados por LMM sejam corretamente indemnizados".

A OMS defende o envolvimento de governos, empresas, prestadores de cuidados de saúde, doentes e sociedade civil em todas as fases de desenvolvimento e aplicação das tecnologias de IA generativa, incluindo a sua supervisão e regulamentação.