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Maior importação de óleo alimentar usado na Europa aumenta risco de fraude, alerta Zero

Maior importação de óleo alimentar usado na Europa aumenta risco de fraude, alerta Zero
Fotografia Freepik

Agência Lusa

Agência noticiosa

Publicado em 19 de dezembro de 2023, às 16:46

A União Europeia (UE) está a aumentar a importação de óleo alimentar usado para produção de biocombustíveis, sendo Portugal dos maiores importadores, segundo a associação ambientalista Zero, que alerta para possíveis fraudes no processo.

“A elevada procura de óleo alimentar usado (OAU) aumentou o risco de fraude, onde óleos virgens como o de palma são suspeitos de serem rotulados como ´usados´ para tirar partido do valor inflacionado dos combustíveis supostamente verdes”, alerta a associação em comunicado.

Com base em dados da Federação Europeia de Transportes e Ambiente (T&E), que junta organizações não-governamentais da área dos transportes e do ambiente, da qual a Zero faz parte, a associação portuguesa diz que 80% do óleo alimentar usado para produzir biocombustíveis na Europa é importado.

Referindo que as companhias aéreas promovem cada vez mais a utilização dos biocombustíveis, como uma solução para voos mais limpos, o que coloca pressão acrescida na produção de biocombustíveis, “a importação de OAU é uma situação preocupante e que levanta muitas dúvidas sobre eventuais fraudes”, afirma a Zero.

Segundo os dados divulgados no comunicado o consumo de óleo alimentar usado na Europa mais que duplicou entre 2015 e 2022. A grande maioria (80%) dos OAU é importada da Ásia, com a China a ter um papel muito relevante, 60% do OAU que chega à Europa.

A associação diz ser fundamental maior transparência no mercado de matérias-primas para a produção de biocombustíveis, para evitar que o OAU “se torne uma porta de entrada para matérias insustentáveis como, por exemplo, o óleo de palma que impulsiona a desflorestação”.

Com base em dados oficiais a Zero diz que o mercado nacional de recolha de OAU somente garante cerca de 10% das necessidades da indústria de biocombustíveis, sendo os restantes importados de mais de 40 países. Segundo a T&E Portugal é o quinto importador de OAU para produção de biocombustíveis, dependendo em 70% da China.

A Zero diz que é fundamental garantir a sustentabilidade e credibilidade no setor dos biocombustíveis a nível nacional e europeu, para que este possa ter um verdadeiro contributo para a descarbonização da sociedade sem recurso a biocombustíveis insustentáveis.

É preciso, nomeadamente, eliminar de imediato os biocombustíveis promotores de desflorestação, como palma e soja, e abandonar a utilização de todos os biocombustíveis à base de culturas alimentares até 2030.

E garantir que as matérias-primas insustentáveis como o óleo de palma não são reintroduzidas através de métodos indiretos.