O prémio Nobel da Medicina foi atribuído a Katalin Karikó e a Drew Weissman por descobertas que permitiram o desenvolvimento de vacinas mRNA eficazes contra a covid-19, anunciou hoje a academia.
“As descobertas dos dois vencedores do Nobel foram fundamentais para o desenvolvimento de vacinas eficazes de mRNA eficazes contra a covid-19 durante a pandemia que começou no início de 2020. Através das suas descobertas inovadoras, que alteraram fundamentalmente a nossa compreensão de como o mRNA interage com o nosso sistema imunitário, os laureados contribuíram para a taxa sem precedentes de desenvolvimento de vacinas durante uma das maiores ameaças à saúde humana nos tempos modernos”, afirma em comunicado a Assembleia do Nobel.
A cientista húngara Katalin Karikó é professora na Universidade de Sagan, na Hungria, e professora adjunta na Universidade da Pensilvânia. O médico e investigador norte-americano Drew Weissman realizou a sua investigação premiada juntamente com Karikó na Universidade da Pensilvânia, adiantou o secretário da Assembleia do Nobel, Thomas Perlmann, que anunciou o prémio em Estocolmo.
Os dois investigadores observaram que as células dendríticas reconhecem o mRNA ‘in vitro’ como uma substância estranha, o que leva à sua ativação e à libertação de moléculas de sinalização inflamatória. Questionaram porque é que o mRNA transcrito ‘in vitro’ era reconhecido como estranho, enquanto o mRNA de células de mamíferos não provocava mesma reação.
“Karikó e Weissman perceberam que algumas propriedades críticas devem distinguir os diferentes tipos de mRNA”, refere o comunicado.
Na investigação, produziram diferentes variantes de mRNA, cada uma com alterações químicas únicas nas suas bases, que entregaram às células dendríticas. “Os resultados foram surpreendentes: a reação inflamatória foi quase abolida quando as modificações de base foram incluídas no mRNA”, salienta.
“Esta foi uma mudança de paradigma na compreensão de como as células reconhecem e respondem a diferentes formas de mRNA. Karikó e Weissman compreenderam imediatamente que a sua descoberta tinha um significado profundo para a utilização do mRNA como terapia”, acrescenta.
Estes resultados foram publicados em 2005, quinze anos antes da pandemia da pandemia de covid-19.
O secretário da Assembleia do Nobel, Thomas Perlmann, salientou que os dois cientistas ficaram "maravilhados" quando receberem a notícia de que iam ser distinguidos com o Prémio Nobel da Medicina quando os contactou pouco antes do anúncio.
Gunilla Karlsson Hedestam, que fez parte do painel que escolheu os vencedores, disse que "em termos de salvar vidas, especialmente na fase inicial da pandemia, foi muito importante" a descoberta que fizeram.
O Prémio Nobel da Fisiologia ou Medicina foi atribuído no ano passado ao cientista sueco Svante Paabo pelas descobertas sobre a evolução humana que desvendaram os segredos do ADN do Neandertal e que forneceram informações fundamentais sobre o nosso sistema imunitário, incluindo a nossa vulnerabilidade à covid-19 grave.
Este é o primeiro dos Nobel a ser anunciado, seguindo-se nos próximos dias os galardões relativos à Física, Química, Literatura, Paz e Economia.