A nova proposta foi apresentada pela empresa A22 Sports Management, promotora da Superliga, que conta ainda com três dos clubes do projeto inicial, Barcelona, Real Madrid e Juventus, e ‘desenhou’ 10 princípios em que se pretende basear.
De acordo com o comunicado divulgado esta quinta-feira, a organização mantém desde outubro conversações com “mais de 50 clubes e atores do futebol” sobre as competições europeias e no seu ponto um defende agora um modelo aberto baseado no mérito desportivo.
“A Liga europeia deveria ser uma competição aberta, de várias divisões, composta por 60 a 80 equipas e que permita uma distribuição sustentável de receitas na pirâmide do futebol”, refere a empresa, em comunicado.
Dentro do mesmo ponto, é defendida uma participação baseada no mérito desportivo e sem que existam membros permanentes, como previa o anterior modelo da Superliga.
“O sistema de qualificação deverá ser aberto, baseado no desempenho nas competições nacionais, permitindo deste modo a todos os clubes o acesso à competição”, acrescentam.
No modelo é ainda proposto um mínimo de 14 jogos para os participantes e quando na atual Liga dos Campeões, a partir da fase de grupos, disputam um máximo de 13 jogos, caso cheguem à final.
“Um melhor e mais atrativo formato de competição europeia iria gerar recursos adicionais, e não existe dúvida de que a estabilidade financeira dos clubes aumentaria notavelmente se lhes fosse garantido um mínimo de 14 jogos europeus por época”, assinalam.
Nos pontos elencados nesta nova proposta é tido também em conta o futebol feminino, a necessitar de “promoção e desenvolvimento”, bem como um mecanismo solidário, em que pretendem um investimento mínimo de 400 milhões de euros anuais em clubes fora das competições europeias.
No comunicado, Bernd Reichart, conselheiro delegado da A22 Sports Management, diz também ter encontrado medo nos encontros que manteve com os clubes.
“Pude sentir o medo dos clubes em manifestarem-se publicamente contra um sistema que ameaça com sanções, para impedir que formem qualquer tipo de oposição”, indicou, reiterando a vontade de um novo projeto mudar o sistema.
Em dezembro de 2022, o advogado-geral do Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) deu razão à FIFA e à UEFA no caso judicial sobre a formação da Superliga, escrevendo uma opinião não-vinculativa de que estas federações não infringiram a legislação europeia. A união europeia futebolística e a federação internacional das associações de futebol ameaçaram, em 2021, excluir os clubes das suas competições caso avançassem com a criação da Superliga. O parecer declarava que os proponentes da Superliga tinham direito de organizar uma prova “fora do ecossistema da UEFA e da FIFA, mas não podiam continuar a participar nas competições organizadas pela FIFA e a UEFA sem autorização prévia destas associações”. Apesar de não-vinculativos, os pareceres dos advogados-gerais do TJUE são, habitualmente, seguidos pelo tribunal, que tomará uma decisão sobre o caso este ano. O grego Athanasios Rantos escreveu que “as leis de concorrência da União Europeia não impedem a FIFA, a UEFA, as federações e as ligas nacionais de ameaçar sancionar clubes membros dessas organizações se participarem na criação de novas competições que as possam prejudicar”. É esse alegado abuso de posição dominante da UEFA, que terá sido levado acabado através da ameaça de punição dos clubes integrantes da Superliga, a principal questão legal sobre a qual o TJUE terá de se pronunciar. A Superliga Europeia foi apresentada em abril de 2021, com Real Madrid, FC Barcelona, Atlético de Madrid, Juventus, Inter Milão, AC Milan, Manchester United, Liverpool, Arsenal, Chelsea, Manchester City e Tottenham como clubes fundadores e com lugar garantido, independentemente dos resultados desportivos. O grupo fundador convidou também o Paris Saint-Germain, o Bayern Munique e o Borussia Dortmund para se juntarem, mas os três clubes recusaram. Para além dos clubes com lugar garantido, cinco outros poderiam qualificar-se através de um mecanismo baseado no desempenho nas suas ligas nacionais. Seriam distribuídos, entre os clubes participantes, mais de 10 mil milhões de euros durante os primeiros anos da competição, de acordo com o anúncio, com os clubes fundadores a receber 3,5 mil milhões para apoiar os planos de investimento em estruturas e a recuperar do impacto da pandemia. Três dias depois do anúncio, nove dos doze clubes anunciados tinham anunciado a intenção de saírem do projeto, após grande oposição dos adeptos, da UEFA e da FIFA, de várias televisões nos países dos clubes envolvidos e dos líderes políticos de França, Itália e do Reino Unido.Autor: Agência Lusa/João Pedro Quesado