A comitiva integra 22 atletas, mais quatro do que em Viena 2002, e os triplistas Pedro Pablo Pichardo e Patrícia Mamona e a pesista Auriol Dongmo têm tudo para repetir os ouros de 2021 em Torun, na Polónia.
Mas há mais portugueses que apontam para um lugar entre os finalistas na Atakoy Arena, nomeadamente Arialis Gandulla, Jéssica Inchude, Isaac Nader e Marta Pen.
Pichardo é mesmo uma das grandes figuras dos Campeonatos, a par dos noruegueses Jakob Ingebrigtsen e Karsten Warholm, depois da renúncia do sueco Armand Duplantis, o 'rei' da vara, que no sábado voltou a bater o recorde mundial (6,22 metros).
Há dois anos, em Torun, Pichardo conquistou a primeira medalha como português, já depois de excelentes sucessos como cubano. Chega como campeão olímpico, mundial e europeu e sem rivais à altura, nesta fase do ano.
Bastaram os 17,12 metros com que venceu no Nacional de Clubes, na única vez que saltou esta época, para liderar a lista de 18 inscritos.
Mais ninguém 'vale' este ano mais de 17,00 metros e somente quatro estão para lá dos 16,80: os italianos Emmanuel Iemehje e Tobia Bocchi, o francês Benjamin Compaoré e o alemão Max Hess.
Pichardo tem a companhia de outro português em Tiago Luís Pereira, que tem como recorde pessoal 17,11 mas somente 16,48 esta época de inverno. Ainda assim, fecha o top-8 da lista de inscritos.
No triplo feminino, Patrícia Mamona parece 'condenada' a ganhar, com os 14,41 que conseguiu em fevereiro, sem pressão. Ainda mais, sabendo-se que é uma atleta que se dá bem com os grandes momentos, como foi o caso da prata nos Jogos Olímpicos Tóquio2020.
Mamona beneficiou de uma verdadeira 'onda' de renúncias das melhores adversárias e as mais fortes em prova poderão ser as italianas Danya Derkacah e Ottavia Cestonaro e, sobretudo, a jovem turca Tugba Danismaz, de 23 anos, que saltou 14,13 e é a grande esperança do país anfitrião para medalhas.
Menos facilitada está a tarefa de Auriol Dongmo, que tem 19,24 metros esta época, menos um centímetro do que a neerlandesa Jessica Schilder.
Será entre a lusa, campeã europeia e mundial 'indoor', Schilder e ainda a sueca Fanny Roos (19,17) que o pódio se vai decidir - a alemã Sara Gambetta é distante quarta, com 18,57.
Jessica Inchude, a segunda melhor lusa, aparece como quinta nas inscritas (18,47) e aponta seguramente para o top-8, atendendo à regularidade na época. E Eliana Bandeira, a terceira lusa, chega a Istambul como nona melhor, com um recente recorde pessoal de 17,97.
Há dois anos, os outros mais bem classificados da delegação portuguesa foram Francisco Belo, quarto no peso, e Carlos Nascimento, quinto nos 60 metros. Ambos estão na comitiva, de novo, mas com menos ambições.
Será nos 60 metros femininos que Portugal poderá ter um resultado de relevo, já que Arialis Gandulla chega como quarta melhor das inscritas, com recente recorde pessoal de 7,18 segundos, a um centésimo somente do recorde nacional.
Na mesma prova, Rosalina Santos 'parte' como 13ª e aspira a ser semifinalista. Um pouco menos bem esta época, a recordista nacional, Lorene Bazolo, está em crescendo e aparece como 18.ª melhor entre as inscritas.
A suíça Mujinga Kambunji, a britânica Daryl Neita e a polaca Ewa Swoboda são as únicas atletas de topo mundial que se inscreveram.
É nos 1.500 metros, masculinos e femininos, que Portugal terá as outras ocasiões para bons resultados, atendendo à excelência da forma de Isaac Nader e, sobretudo, de Marta Pen.
Nader, há dois anos, não passou da primeira ronda, com o 34.º lugar global. Progrediu muito, em 2022, e, já em 2023, correu em 3.37,29 minutos, o que lhe dá o 11.º lugar entre os inscritos.
Marta Pen, que vem de bater por duas vezes o recorde pessoal aos 3.000 metros, vai estar nos 1.500 metros com 4.08,58 de melhor esta época, sendo a sétima das inscritas. Muito motivada, pode intrometer-se na luta pelo bronze, atrás das britânicas Laura Muir e Katie Snowden.
Sem a presença de Duplantis, as atenções, em termos de grandes sucessos, viram-se para Jakob Ingebrigtsen, que vai 'dobrar' 1.500 e 3.000 metros.
O também norueguês Karsten Warholm, campeão olímpico e recordista mundial dos 400 metros barreiras, não é tão bom na prova plana, mas, ainda assim, também é favorito para o ouro.
Nos 400 metros femininos destaca-se acima das demais a neerlandesa Femke Bol, outra das grandes referências que vão estar na pista em Istambul, depois de já este mês ter batido o recorde na distância que durava há 40 anos.
Pichardo, Warholm e Ingebrigtsen são três dos sete campeões olímpicos esperados na pista - os outros são o italiano Marcell Jacobs (60 metros), a belga Nafissatou Thiam (pentatlo), a alemã Malaika Mihambo e o grego Miltiadis Tentogrou (ambos no comprimento).
Um total de 15 atletas individuais, entre os quais Dongmo, Mamona e Pichardo, e as duas estafetas defendem os títulos conquistados em Torun2021.
Autor: Agência Lusa