Rui Casaca, antigo diretor do SC Braga (desempenhou várias funções na estrutura de futebol dos guerreiros do Minho), conhece bem o Estádio Diego Armando Maradona – antigo San Paolo –, porque ali jogou em 1984, ao serviço do Boavista, tendo partilhado o relvado com... Diego Armando Maradona. «Inesquecível», destaca o antigo diretor-executivo dos guerreiros do Minho, que acredita no «potencial ofensivo» da turma comandada por Artur Jorge para «vencer o Nápoles». Vivia-se o ano de 1984 quando Rui Casaca, na altura com 25 anos, chegou ao Boavista, que nessa temporada foi treinado por Mário Wilson e João Alves, proveniente do Rio Ave (em Vila do Conde, o médio tinha feito seis golos em 20 em 36 partidas). A turma axadrezada realizou o seu estágio de pré-temporada em terras italianas e, em julho desse ano, a turma boavisteira realizou um jogo-treino com o Nápoles, onde pontificavam figuras como Ciro Ferrara, Salvatore Bagni, Daniel Bertoni, Fernando De Napoli e... Diego Armando Maradona. A estreia de “El Pibe” aconteceu num amigável com o Boavista, num San Paolo a rebentar pelas costuras.
«Parávamos para ver o que Maradona fazia»
«Lembro-me perfeitamente desse dia. Foi no ano que cheguei ao Boavista e jogámos em Nápoles. Comecei no banco e o ambiente no estádio, que estava completamente cheio, era incrível. E lá estava ele, Maradona, um ídolo para todos. Lembro-me que estávamos a jogar e parávamos para ver o que estava a fazer. Até nos esquecíamos que estávamos a jogar. Jamais esquecerei esse momento», conta Rui Casaca, recordando a equipa «fantástica» da turma napolitana que, mais tarde, nessa época (1984/1985), se viria a sagrar campeã de Itália.
Cidade-Maradona
O Boavista perdeu esse jogo por 3-1 e, mais recentemente, Rui Casaca voltou a Nápoles, já como diretor do SC Braga. A turma minhota perdeu, no San Paolo, por três bolas a uma – Pandev (dois golos) e Zuniga marcaram pelos italianos, Lima fez o golo dos minhotos –, numa partida em que deu para perceber que a «loucura por Maradona é a mesma». «O que se notou, e agora é igual, é que, mesmo após estes anos todos, a loucura e a “devoção” a Maradona é a mesma. Nas ruas, nas casas e em todo o lado há pinturas, desenhos e tudo o que se relaciona com Maradona, nos cafés, nas casas e em todo o lado. É uma espécie de cidade-Maradona», destaca Rui Casaca. Representante de uma região pobre de Itália, num sul degradado perante o poder de cidades como Milão, Roma ou Turim, símbolos de um norte pujante, Nápoles transformou-se com Maradona. «A rivalidade com as cidades do Norte é imensa e a forma como vivem o futebol é incrível. Então em relação ao Maradona é indescritível. Parece que continua tudo como no dia em que ele chegou. No estádio, antes como agora, aquele “monstro sagrado” continua a pairar no palco que agora tem o nome dele», finalizou Rui Casaca.