A seleção portuguesa de futebol selou esta sexta-feira o seu mais prematuro apuramento de sempre para uma grande competição, ao qualificar-se para o Euro2024 ainda com três jornadas por disputar, após um triunfo caseiro por 3-2 face à Eslováquia.
Na corrida à prova que a Alemanha vai receber no próximo ano, Portugal ‘dispensou’ as deslocações à Bósnia-Herzegovina (16 de outubro) e ao Liechtenstein (16 de novembro) e a receção à Islândia (19 de novembro), algo nunca visto. Até agora, o melhor que a formação das ‘quinas’ tinha conseguido era o apuramento ao penúltimo encontro, o que acontecera apenas em três situações, na corrida aos Mundiais de 1966 e 2006 e ao Europeu de 2016.
Quanto aos restantes apuramentos, Portugal selou o ‘passaporte’ para os Europeus de 1984, 1996, 2000, 2008 e 2020 no derradeiro encontro de qualificação e para a edição de 2012 no ‘play-off’, sendo que, em 2004, marcou presença na fase final na qualidade de organizador. No que respeita aos Mundiais, o último jogo da fase de apuramento valeu a Portugal um lugar nas edições de 1986, 2002 e 2018, sendo que, em 2010, 2014 e 2022, a equipa das ‘quinas’ só logrou a qualificação no ‘play-off’.
A seleção lusa chegou pela primeira vez a uma grande competição em 1966 e dispensou, logo, o derradeiro encontro, graças a quatro triunfos consecutivos a abrir, seguidos de um empate na receção à Checoslováquia. Autor de três golos no jogo caseiro com a Turquia (5-1), um em solo turco (1-0), outro na Checoslováquia (1-0) e mais dois em casa frente à Roménia (2-0), o ‘rei’ Eusébio da Silva Ferreira foi o grande ‘herói’ do histórico apuramento.
Ao quinto jogo, o ‘nulo’ com os checos, no Porto, a 31 de outubro de 1965, qualificou, desde logo, Portugal, que, assim, foi ‘passear’ à Roménia, onde perderia por 2-0. Depois, foi preciso esperar 40 anos por nova qualificação ‘descansada’, sem a necessidade de fazer contas mais ou menos complicadas para selar os apuramentos.
Sob o comando de Scolari, que havia levado Portugal à final do ‘seu’ Europeu (0-1 com a Grécia, na Luz), a seleção lusa entrou com dois triunfos (2-0 na Letónia e 4-0 à Estónia), cedeu um impensável empate no Liechtenstein (2-2), mas, na resposta, ‘cilindrou’ a Rússia (7-1). Seguiu-se nova goleada, no Luxemburgo (5-0), quatro pontos face à Eslováquia (1-1 fora e 2-0 em casa), um suficiente 1-0 na Estónia, um expressivo 6-0 com os luxemburgueses e um pragmático ‘nulo’ em Moscovo.
A formação das ‘quinas’ ficou a um ponto do apuramento: bastava um empate na receção ao Liechtenstein, que, a 8 de outubro de 2005, em Aveiro, Portugal bateu por 2-1, com reviravolta, selada por Pauleta e Nuno Gomes. Quatro dias depois, a seleção lusa, já qualificada, fechou o apuramento com um triunfo por 3-0 na receção à Letónia, no Porto, com um ‘bis’ de Pauleta, que apontou o 700.º golo da seleção ‘AA’ e ultrapassou o ‘rei’ Eusébio (42 contra 41).
Uma década depois, Portugal voltou a conseguir um apuramento ao penúltimo jogo, apesar de um começo falhado, com um inesperado desaire caseiro perante a Albânia (0-1), que custou o cargo de selecionador a Paulo Bento. O escolhido para sucessor foi Fernando Santos, que conduziu a seleção lusa a cinco vitórias consecutivas, todas por um golo de diferença: 1-0 na Dinamarca, 1-0 à Arménia, 2-1 à Sérvia, 3-2 na Arménia e 1-0 na Albânia. Ficou a faltar um ponto, mas Portugal somou hoje mais três, para não variar com um triunfo à tangente (1-0), selado por João Moutinho, com um golo aos 66 minutos.
Cristiano Ronaldo, que havia sido decisivo na campanha rumo ao Mundial2006, com sete golos, foi determinante no prematuro apuramento para o Euro2016, com cinco tentos, os que selaram o triunfo em Copenhaga e as duas vitórias com os arménios.
Na corrida ao Euro2024, o sorteio fez logo antever um trajeto sem problemas e o conjunto comandado pelo espanhol Roberto Martínez não facilitou, garantindo o apuramento com triunfos nos primeiros sete jogos. A seleção lusa não foi sempre convincente, e só ganhou à tangente na Islândia (1-0) e na Eslováquia (1-0), mas também colecionou três goleadas, incluindo a maior da sua história, o 9-0 ao Luxemburgo, em 11 de setembro. Num grupo em que os dois primeiros seguem diretamente para a fase final, Portugal somou esta sexta-feira o apuramento, com três jogos por disputar, ao vencer em casa a Eslováquia por 3-2, com um golo de Gonçalo Ramos e dois de Ronaldo, um de penálti.