Mostrar que as realizações mais marcantes da quadra quaresmal não acontecem apenas na cidade de Braga é um dos objetivos da realização, que coloca no centro das atenções o propósito de catequização dos fiéis.
«A Via-Sacra é, fundamentalmente, uma atividade religiosa, que se tem afirmado como uma forma privilegiada de evangelização e de conversão», disse ontem o pároco de Vimieiro e Celeirós. Fernando Marques, que falava na conferência de imprensa de apresentação da Via-Sacra de Sant'Ana de Vimieiro, fez saber que a encenação religiosa «tem contribuído para uma maior união da comunidade» local que resultou da União das Freguesias de Caleirós, Aveleda e Vimeiro. Inclusive, já levou «várias pessoas a uma vivência da fé cristã num espírito eclesial».
O sacerdote, que está há 25 anos à frente da paróquia de Aveleda, dá como exemplo o caso do paroquiano que vai protagonizar Jesus Cristo.
«Vivia a sua fé de uma maneira muito "sui generis", de uma forma isolada e agora está totalmente integrado na dinâmica paroquial, tem participação ativa na celebração eucarística e vive o verdadeiro espírito de comunhão eclesial», testemunhou o sacerdote, acrescentando que «muitos outros» paroquianos integraram-se na vivência comunitária através da participação na Via-Sacra.
Embora tenha começado há muitos anos no interior da igreja paroquial, a evocação da paixão e morte de Cristo acabou por extravasar as portas do templo.
O adro da igreja foi o palco experimental para o salto para a encenação ao vivo, que começou a ser realizada em 2015.
O jovem Rodrigo Araújo e a esposa (falecida há 4 meses) foram os grandes mentores do projeto que catapultou Sant´Ana de Vimieiro para a agenda das celebrações quaresmais da "cidade dos Arcebispos".
«Hoje são já muitas centenas de pessoas que fazem questão de assistir à Via-Sacra», precisou Rodrigo Araújo, salientando que «são vários os visitantes de fora do concelho».
A edição deste ano tem saída marcada da igreja paroquial de Vimieiro, pelas 21h30. A primeira estação vai cumprir-se nas imediações do templo, devendo demorar cerca de meia hora. A chegada à última estação deverá demorar cerca de 4 horas.
Quadros vivos retratam os momentos mais dramáticos da paixão de Cristo
Cerca de quatro horas para cumprir as 14 estações da paixão e morte do Senhor. É o tempo estimado para a duração da Via-Sacra de Sant'Ana de Vimieiro, que vai cumprir uma distância de cerca de 2 quilómetros.
O momento mais dramático da teatralização ao vivo da paixão vai decorrer na floresta que envolve as Voltas de Macada, onde será recriado o quadro da morte do Senhor.
O coordenador da Via-Sacra, Rodrigo Araújo antecipa «um quadro de intenso dramatismo» para quantos participaram na caminhada dolorosa de Cristo.
O cenário vivo do Calvário é envolto na intensa escuridão da floresta, que é dominada pelas sonoridades das aves que a habitam.
«É um local de rara beleza e muito apropriado» à encenação, acrescentou, revelando que a opção pelo espaço – anteriormente era o monte de S. Bento – constitui «uma homenagem» à esposa, recentemente falecida, que tinha expressado a vontade de que a Via-Sacra culminasse no local que a freguesia quer ver classificado.
Pelo percurso há outras encenações ao vivo de momentos também de grande intensidade emotiva, como são os cenários vivos que teatralizam os episódios da Última Ceia, do Lava Pés, do Sumo Sacerdote, de Anás e Caifás e Pilatos.
Garantida está uma encenação que remete para «o rigor» da narrativa bíblica, mas que também não prescinde da criatividade.
Autor: Joaquim Martins Fernandes